Alterações neurológicas na covid-19 podem não ser causadas diretamente pelo vírus

Estudos realizados na Alemanha mostram que reações inflamatória e imunológica contra o vírus são a resposta às manifestações neurológicas, diz colunista

 13/10/2020 - Publicado há 4 anos
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Nesta edição da coluna Minuto do Cérebro, o professor Octávio Pontes Neto fala sobre a relação das alterações neurológicas com o novo coronavírus e relembra que, desde o início da pandemia, problemas neurológicos têm sido associados à doença, mas que, até então, não existia nenhuma comprovação se o efeito era causa direta da invasão do vírus no sistema nervoso central. 

Até agora, não existia, mas, resultados recentes de uma pesquisa realizada na Alemanha comprovam que não. Não se trata da ação direta do vírus e sim do organismo ao vírus. O professor conta que os pesquisadores alemães estudaram materiais coletados em necropsias de 43 pessoas mortas pela covid-19 em hospitais e lares para idosos do País. Observaram as neuropatologias das lesões neurológicas associadas ao sars-cov-2 e encontraram lesões isquêmicas cerebrais em 14% dos casos. E, em até 79% deles, acharam evidências de reação inflamatória, envolvendo o tronco cerebral e o cerebelo.

Além disso, 53% dos pacientes até tinham evidências do sars-cov-2, mas “sem nenhuma relação entre a presença do vírus no sistema nervoso central e a gravidade das alterações neuropatológicas”. O estudo, divulgado pela revista britânica The Lancet Neurology, pode ser acessado por aqui. 

Assim, embora essas alterações sejam comuns, os achados sugerem que “esse envolvimento do sistema nervoso central não é decorrente de uma ação direta do próprio vírus e, sim, de uma reação inflamatória e imunológica montada contra a infecção”, afirma Pontes Neto. 

Ouça no link acima a íntegra da coluna Minuto do Cérebro.


O minuto do Cérebro
A coluna O minuto do Cérebro, com o professor Octávio Pontes Neto, vai ao ar quinzenalmente,  terça-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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