A desgovernança mundial da sustentabilidade

“Por uma série de razões históricas, não há governança da sustentabilidade na escala global e os acontecimentos desses pelo menos 11 anos só têm confirmado isso”

 07/11/2024 - Publicado há 2 meses

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José Eli da Veiga abre esta coluna introduzindo o tema da COP 16 – realizada na semana passada e encerrada no último final de semana – apenas para refletir sobre alguns aspectos extraídos da leitura de jornais e de seu livro de 2013, Desgovernança Mundial da Sustentabilidade. Ele entende que a tese central defendida no livro se mantém, porque “por uma série de razões históricas, não há governança da sustentabilidade na escala global e os acontecimentos desses pelo menos 11 anos só têm confirmado isso”. Eli da Veiga se pergunta, a partir da leitura do noticiário a respeito do assunto, se não existe toda uma indústria para manter a ilusão de que, de fato, está se negociando alguma coisa. “No caso, por exemplo, o que se constata é que, comparativamente, a questão do aquecimento global é pior no caso da biodiversidade. É pior no seguinte sentido: no caso do aquecimento global, embora as negociações também não avancem em grande coisa, pelo menos a impressão que eu tenho é que hoje pode-se dizer que há uma consciência dos  riscos que estão implícitos nessa perspectiva, que a gente chama de aquecimento global, mas que muita gente prefere chamar de mudanças climáticas ou coisa parecida – no entanto, isso não acontece com a biodiversidade.”

O colunista explica seu ponto de vista: “Se você prestar bem atenção, é fácil perceber que, toda vez que há algum problema sério – por exemplo, pega o tema da polinização -, uma série de desastres que tem acontecido na biodiversidade tem a ver com a polinização; no entanto, quando acontece alguma coisa especificamente, quando se dá atenção a alguma coisa, em geral, em vez de se levantar a questão da biodiversidade, em primeiro lugar, sempre se procura algum atributo de outro tipo, por exemplo, dizendo ‘vocês não deixam usar agrotóxicos então acontece isso’. É  exatamente o inverso, porque a polinização é, em grande parte, causada pelo uso de agrotóxicos”.

Eli da Veiga encerra sua coluna recomendando a leitura de um livro que acaba de sair, de autoria de um economista francês, Thomas Piketty, cujo título  é Natureza, Cultura e Desigualdades (Editora Civilização Brasileira), que “tem tudo a ver com essa coluna e provavelmente vai ser o tema da próxima”.


Sustentáculos
A coluna Sustentáculos, com o professor José Eli da Veiga, vai ao ar quinzenalmente quinta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção na Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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