Hoje não existe no Brasil uma forma de medir a efetividade do emprego de políticas públicas. A falta dessa capacidade de medição permite que gestores e políticos possam fazer afirmações sobre a efetividade delas para assegurar sua popularidade junto à sua base de apoio. Essa atitude, dentro de um cenário de polarização, leva a um cenário de propagação de fake news que danam as estruturas que permitem aferir quais os erros e acertos que uma política pública teve ao ser implementada.
“Até hoje, não houve no Brasil uma melhoria da medição do impacto das políticas públicas”, diz José Luiz Portella, doutor em História Econômica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Segundo ele, os órgãos do Estado que praticam as políticas, como os Ministérios, as Secretarias e os governos estaduais e federal, não se preocupam em medir o efeito das políticas implementadas, conferindo um toque de marquetagem às afirmações de sucesso delas que ninguém consegue confirmar.
Com o atual cenário de fake news em conjunto com a inexistência de meios para realizar a medição das políticas públicas, piorou a percepção sobre como identificamos os responsáveis pela falha e sucessos das políticas públicas. “Qualquer notícia dada por um lado é desacreditada pelo outro lado. Às vezes, uma notícia que é correta é tida como mentira”, afirma Portela, que completa: “A medição da política pública revelaria isso, se a impossibilidade nasceu por conta do adversário ou por conta de uma falha gerencial daquele que está fazendo”.
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