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O dimensionamento telúrico do fenômeno da bossa nova encontra em no bruxo do juazeiro baiano, o corpo e alma. A polissemia existencial do bossa novismo é uma herança da corporalidade africana. Na cultura bantu música e dança tem o mesmo significado e constitui uma amalgama indissociável. A alegria do samba está nas relações lúdicas gregárias, da demanda comunal das circularidades dos saberes sagrados negros, como foi para os povos egípcio-bantu. Para o Deus Ra, o conhecimento estabelece somente em sentido coletivo. Nessa linha de compreensão, que João Gilberto concebeu a percepção criativa da bossa nova, impregnado da consciência de carnalidade merleau-pontyana na corporalidade negra, que foi conjugada a ludicidade revolucionaria da carnavalização bakhtiniana, percebida na ludicidade coletiva do futebol miscigênico. Comenta-se que o João Gilberto teve a percepção criativa da bossa nova em uma pelada de futebol no juazeiro, onde um dos brincantes lançou a bola para frente, que por qualquer razão foi para o meio campo, isso deu origem ao meio tom, caracterizado no: dois por dois da bossa nova, na genialidade desse bruxo baiano.
O pensamento lítero-musical de Vinicius de Moraes tem subjacência no existencialismo comunal das relações lúdico-gregárias da africanidade primaz. Vinicius canta o calor da alegria dialética negra, chamando atenção para o desamor da distopia, que se constitui na frieza eurocaucasiana. Com um comportamento de intelectual orgânico gramsciano, que vem da sua militância contra a marginalização social e o racismo, desenvolvidos no Teatro Experimental do Negro – TEN, ao lado dos estetas negros, tais como: o teatrólogo Abdias do Nascimento e o jornalista Haroldo Costa. Sendo que foi o Haroldo o criador da genial dupla Tom e Vinicius. O poeta Vinícius criava e cantava convencido que na cosmovisão africana primogênita, sobretudo na cultura ioruba não havia lugar para o preconceito. Pois, todas as expressões, da diversidade e da biodiversidade, são manifestações dos orixás. Negá-las, nesse contexto, seria a negação das próprias divindades Ioruba.
Quilombo Academia
O Quilombo Academia é transmitido as quintas-feiras, às 13 horas, com reapresentação aos domingos, às 19 horas e 30 minutos, na Rádio USP São Paulo e Ribeirão Preto, e também por streaming. As edições do programa estão disponibilizadas nos podcasts do Jornal da USP (jornal.usp.br) e nos agregadores de áudio como Spotify, iTunes e Deezer.
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