Pílula Farmacêutica #71: Comprimidos sulcados só podem ser partidos com orientação médica ou farmacêutica

Quebrar arbitrariamente um comprimido antes de administrá-lo pode comprometer eficiência do tratamento

 01/06/2021 - Publicado há 3 anos
Pílula Farmacêutica - USP
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Pílula Farmacêutica #71: Comprimidos sulcados só podem ser partidos com orientação médica ou farmacêutica
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Esta edição do Pílula Farmacêutica fala sobre o sulco existente em medicações sólidas, como os comprimidos. Muitos já devem ter partido um remédio, usando a marcação desses sulcos, para tomar a metade da dose. Mas, alerta a acadêmica Giovanna Bingre, orientada pela professora Regina Andrade, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, que essa prática só pode ser realizada “com a orientação de um farmacêutico, médico, enfermeiro e demais profissionais da saúde”.

Conta Giovanna que a via de administração de medicamentos mais comum é a oral e que existem diferentes formas de apresentação de remédios, “para garantir que seja possível realizar um tratamento medicamentoso para qualquer paciente e da forma mais confortável e fácil possível”. E, no caso dos medicamentos sulcados, a presença “do risquinho” não necessariamente significa que pode ser partido.

O que é um medicamento sulcado?

Segundo Giovanna, o sulco pode permitir que se divida o remédio ao meio, seja para ajuste de dosagem ou por dificuldade de deglutição, prática conhecida por partição. Mas, para usar a partição, avisa a acadêmica, é necessária a orientação médica ou farmacêutica. Dessa forma, exemplifica a acadêmica, uma pessoa que precisa tomar 25 miligramas de um composto diariamente, mas só consegue comprar de 50 miligramas, pode dividi-lo ao meio e tomar uma metade a cada dia. Por outro lado, pessoas ou crianças que não conseguem engolir o comprimido inteiro também podem partir o remédio e tomá-lo em partes seguidas. Giovanna também lembra de outras situações em que o preço da medicação seja o mesmo para duas apresentações diferentes, de 10 e 20 miligramas. “O paciente pensa que, se partir o de 20 miligramas, ele terá o dobro do tratamento pelo mesmo preço.”

Que tipo de comprimido pode ser partido?

Mas, alerta Giovanna, não se pode quebrar arbitrariamente um remédio que não tenha sulco, por exemplo, porque pode resultar em pedaços de tamanhos diferentes, que podem “afetar a qualidade da administração”. Além de comprometer a eficácia do tratamento, pode ser tóxico ou trazer efeitos adversos. Por isso, “só se deve fazer a partição com a orientação de um farmacêutico, médico, enfermeiro e demais profissionais da saúde”.

Assim, mesmo se a medicação tiver um sulco, não significa que pode ser partido. Giovanna diz que a real função do sulco “é aumentar a resistência mecânica da formulação” e que medicamentos revestidos não devem, “em hipótese nenhuma”, ser quebrados. O revestimento pode servir para mascarar gosto ruim ou para proteger o composto do sistema digestivo. Por isso, avisa a acadêmica, mesmo que existam sulcos, a partição não é necessariamente indicada, já que pesquisas mostram que as partes possuem pesos diferentes. Além disso, determinados tratamentos pedem “fármacos que são liberados aos poucos” e a quebra dos comprimidos impede essa liberação.

Em dúvida sobre a possibilidade de partir a medicação, Giovanna indica buscar ajuda médica ou farmacêutica e leitura da bula.


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