Mosaicos Culturais #25: Elis & Tom continuam com Águas de Março em moto perpétuo há cinco décadas

Por Magaly Prado
Cinquenta anos após sua gravação em dueto, Águas de Março de Tom Jobim com Elis Regina continua encantando. Em 1972, Tom Jobim (1927-1994) lançou sua composição mais icônica Águas de Março no lado A de um compacto, no jornal O Pasquim. No ano seguinte, a canção integrou o álbum Matita Perê.

Em 1974, Elis Regina (1945-1982) se uniu a Jobim na gravação do dueto para o LP Elis & Tom, tornando-se um sucesso instantâneo. A versão contou com a participação de Cesar Camargo Mariano (piano), Hélio Delmiro e Oscar Castro Neves (violão), Luizão Maia (baixo elétrico) e Paulinho Braga (bateria).

Tom Jobim posteriormente compôs uma versão em inglês, preservando a estrutura e a metáfora central da letra original. A canção foi regravada por diversos artistas em diferentes idiomas.

Em 2001, Águas de Março foi eleita a melhor canção brasileira de todos os tempos em uma pesquisa com 214 jornalistas, músicos e outros artistas brasileiros, realizada pela Folha de S. Paulo. Em outra pesquisa, pela Rolling Stone Brasil em 2009, ocupou o segundo lugar, atrás de Construção, de Chico Buarque de Holanda.

Duas grandes fontes inspiraram Águas de Março: o poema O caçador de esmeraldas de Olavo Bilac (“Foi em março, ao findar da chuva, quase à entrada / do outono, quando a terra em sede requeimada / bebera longamente as águas da estação (…)”) e o ponto de macumba (“É pau, é pedra, é seixo miúdo, roda a baiana por cima de tudo “) de J.B. de Carvalho, do Conjunto Tupi. A letra, estruturada em torno do verbo “ser”, apresenta uma alternância entre versos otimistas e pessimistas, utilizando antíteses (“vida” vs. “morte”, “sol” vs. “noite”), pleonasmos (“vento ventando”), paronomásias (“ponta” / “ponto” / “conto” / “conta”) (com informações da Wikipedia).

Ao som da canção atemporal Águas de Março, Juliana, estudante de Percussão na Faculdade de Música da USP, participou da enquete do programa Mosaicos Culturais, da Rádio USP. Juliana revela sua percepção da canção. Ela destaca a harmonia e a letra, observando a estrutura diferenciada dos blocos das frases. Para Juliana, a canção transcende a dimensão ortográfica, transmitindo um sentido sentimental, mental e figurativo em relação ao país. A sensibilidade de Juliana nos convida a apreciar a canção em toda sua riqueza e significado.

Águas de Março permanece como um marco na música brasileira, um legado de Tom Jobim na voz impecável de Elis Regina que continua a inspirar e emocionar gerações.

Conheça mais sobre Tom Jobim nesta postagem aqui sobre outra música do compositor tocada no Mosaicos Culturais 

Ouça o podcast no link acima.

O objetivo do programa é dar voz aos estudantes da USP por meio de entrevistas sobre gostos e percepções musicais. Este podcast reproduz o programa Mosaicos Culturais – Ouça o Que os Estudantes Ouvem, transmitido nos dias 17 e 20 de maio de 2024.

Novidade no ar
Estamos celebrando um mês de transmissão com o episódio #25 do Mosaicos Culturais, tanto no ar quanto em formato de podcast. Para ouvir todos os episódios, acesse a página jornal.usp.br/radio.

Comemoramos esse marco trazendo junto à música que o conjunto de estudantes anda ouvindo, um tema cativante: a música no cinema! Este novo capítulo nos convoca não apenas a fazer uma imersão nas preferências musicais da nossa audiência, mas também a explorar suas reflexões sobre o impacto da música em filmes, animes, desenhos e séries. Para ter uma ideia, ouça a Juliana.

Se você deseja se juntar a nós nessa jornada musical, basta enviar um áudio compartilhando as melodias que têm embalado seus dias e também as próprias interpretações sobre a intersecção entre música e cinema. Estamos ansiosos para ouvir sua contribuição! Sua participação é essencial para enriquecer nosso dropes!

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