Essa semana, o professor João Paulo Machado de Sousa explica o que são alucinações, comumente confundidas com os delírios, tema do último episódio do Minuto Saúde Mental. De acordo com o professor, as alucinações são experiências em que um ou mais dos nossos sentidos detecta um estímulo que não é real. “Em termos mais simples, é quando uma pessoa vê, sente ou ouve alguma coisa ou percebe um cheiro ou gosto que ninguém mais percebe”, esclarece.
Sousa faz a distinção entre alucinações e delírios. “Embora apareçam junto com as alucinações em muitos casos, os delírios são ideias e crenças resistentes à razão que não devem ser confundidos com alterações dos nossos sentidos”. Mas, assim como no caso dos delírios, é importante ressaltar que as experiências sensoriais que acontecem exclusivamente dentro de um contexto místico ou religioso, “onde estão previstas e são compartilhadas por outros membros, não são consideradas alucinações”.
As alucinações podem ter diferentes causas, sendo as mais comuns os quadros psicóticos, ou seja, de desconexão com a realidade, como em casos de intoxicação por álcool e outras drogas lícitas ou ilícitas, além de determinados quadros neurológicos, como as demências, por exemplo. Ao contrário do senso comum, diz o professor, as alucinações complexas são bastante raras, citando como exemplo aquelas retratadas em filmes em que os personagens veem e interagem com pessoas.
As alucinações mais comuns, continua Sousa, tendem a ser bem menos claras, como a percepção de luzes ou vultos, de sussurros e de sensações como a de um inseto caminhando sobre a pele. “A pessoa ainda pode ouvir passos, janelas ou portas batendo ou sentir um cheiro ou gosto que outras pessoas não sentem”, exemplifica.
Nos quadros de esquizofrenia e transtorno bipolar, as alucinações mais comuns são as auditivas, que costumam causar grande sofrimento porque “tendem a ter conteúdos negativos, com vozes que xingam, criticam e ameaçam a pessoa”. Enfatiza que merecem atenção especial quadros em que “as vozes ordenam que ela faça algo contra si mesma ou contra os outros”.
Segundo o professor, fora de contextos específicos, não é comum ter alucinações e a pessoa deve sempre procurar um profissional caso tenha percepções como as descritas neste episódio. Para o tratamento, as medicações antipsicóticas disponíveis atualmente costumam ter bons níveis de sucesso no controle das alucinações, mas “são remédios que podem ter efeitos colaterais importantes e que nunca devem ser usados sem acompanhamento médico adequado”, adverte.
Minuto Saúde Mental
Apresentação: João Paulo Machado de Sousa
Produção: João Paulo Machado de Sousa e Jaime Hallak
Coprodução e edição: Rádio USP Ribeirão
Coordenação: Rosemeire Talamone
Apoio: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Translacional, iniciativa CNPq e Fapesp
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