Antes mesmo de iniciar seu programa de mestrado na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, o artista plástico Sérgio Venâncio já tinha em mente o desenvolvimento de um software que pudesse produzir desenhos de observação por meio de imagens geradas em uma câmera digital. Já na pós-graduação, foi desenvolvido então o Extentio.
Em sua participação nos Novos Cientistas, Venâncio contou que uma das inspirações para a criação do software veio do artista britânico Harold Cohen, que, na década de 1970, desenvolveu um robô capaz de desenhar e pintar. Cohen serviu de base para os estudos de Venâncio. No projeto foram incorporados conceitos como o de Visão Computacional, área da inteligência artificial que treina computadores para interpretar e entender o mundo visual, e Machine Learning (Aprendizado de Máquina).
O programa utiliza uma câmera treinada, por intermédio de algoritmos, para reconhecer determinados elementos, como o rosto de uma pessoa. Quando as imagens são captadas, enquadradas e redimensionalizadas, o software, que traça apenas linhas, começa a desenhar usando-as como base. De acordo com o pesquisador, o software não substitui o trabalho do artista por completo. “Não é um software finalizado mas sim um processo constante onde traduzo minha linguagem de observar e desenhar para uma linguagem de máquina. Ele depende muito do observar do artista. Harold Cohen dizia que ele e sua máquina mantinham uma sociedade artística”, descreveu o artista. “Vamos trabalhando com o software como se eu desenhasse como faço com o lápis. É possível sempre alterar o programa. É um ciclo”, explicou Venâncio.
As obras geradas pelo Extentio podem ser vistas na exposição Pós-Gráfica, que reúne trabalhos de sete artistas que estudam poéticas visuais na ECA e fazem parte do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais. A mostra está aberta, gratuitamente, até o dia 14 de novembro, no Espaço das Artes da USP, que fica na Rua da Praça do Relógio, 160, na Cidade Universitária. De segunda a sexta das 10 às 20 horas.