Nos esportes de alto rendimento, não se vive apenas de glórias, conquistas, medalhas. “Mesmo entre esses atletas, existe o mal-estar, seja psicológico, físico, social, ou uma mescla de diversos aspectos”, descreveu o psicólogo Fábio Menezes dos Anjos. Ele foi o autor da pesquisa de mestrado Psicanálise e esporte: o mal-estar na carreira de atletas profissionais, apresentada no Instituto de Psicologia (IP) sob orientação do professor Ivan Ramos Estevão. Convidado desta quinta-feira (13) no podcast Os Novos Cientistas, Menezes descreveu um pouco sobre como conduziu seu estudo.
O objetivo da pesquisa foi utilizar o referencial teórico da psicanálise para investigar de que maneiras a dinâmica do esporte de alto rendimento conduz aqueles que se envolvem em uma carreira como atletas ao mal-estar. Trata-se, como disse o autor, de uma pesquisa que poderá servir como base para outros estudos. “Eu não estudei nenhuma modalidade esportiva ou casos isolados. E também não houve um recorte geográfico”, explicou o psicólogo. Mesmo assim ele citou a situação de um jogador de basquetebol da NBA que confessou ter tido uma crise de pânico durante uma partida. O psicólogo alerta que um dos caminhos para se reduzir o mal-estar é que os esportistas falem mais sobre seus problemas. “O atleta de basquete sentiu-se motivado a falar depois de ler o depoimento de um outro esportista”, informou Menezes.
A sensação de mal-estar também pode estar relacionada a contextos políticos, como consta na pesquisa. “Estudei também o lugar social do esporte ao longo da história, expondo as relações entre esporte e política, e demonstrando como o papel da prática esportiva e do atleta foi se transformando até passar a ocupar seu lugar atual na cultura.”