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Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, analisaram o estuário do rio Doce, no Espírito Santo, e detectaram elevação dos níveis de manganês. As análises foram feitas em 2017, dois anos após o rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, Minas Gerais. O engenheiro ambiental Hermano Queiroz foi o entrevistado de Os Novos Cientistas desta quinta-feira (25) e deu detalhes de seu estudo realizado no Grupo de Estudo e Pesquisa em Geoquímica de Solos, do Departamento de Ciência do Solo (GEPGEoq) da Esalq.
“O excesso de manganês chegou a 880% em comparação aos valores observados em 2015, dias após a chegada dos rejeitos”, aponta Queiroz, que realizou sua tese de doutorado sob orientação do professor Tiago Osório Ferreira, do Departamento de Ciência do Solo. Os valores encontrados em 2017, segundo o pesquisador, foram cinco vezes maiores do que o limite definido pelas diretrizes brasileiras de qualidade da água (Conama, 2005).
De acordo com os resultados, o risco das elevadas concentrações de manganês em água se refletiram em altos teores de manganês em duas espécies de peixes, o bagre amarelo (Cathoropus spixii) e o peixe-gato marinho (Genidens genidens), ambas comumente consumidas pela população local, fato que representa um risco crônico para a saúde das comunidades ali presentes. Queiroz explicou que o manganês é um elemento abundante na natureza e por isso muitas vezes não é percebido como tóxico, mesmo quando encontrando em elevadas concentrações no solo e na água. “Não existem valores limites de manganês para solos, apesar de pesquisas apontarem efeitos tóxicos em plantas, animais e seres humanos”, disse o engenheiro. Mas ele alertou que, nos seres humanos, as elevadas concentrações de manganês são associadas a doenças como o Alzheimer, além de outros distúrbios neurodegenerativos e do sistema nervoso central. O estudo que faz parte da tese de doutorado de Hermano Melo Queiroz (Esalq/USP) e foi publicado na revista Environment International, liderado pelo professor Tiago Osório Ferreira, do Departamento de Ciência do Solo da Esalq/USP, com financiamento da FAPESP, FAPES, CAPES e CNPq.