Ambiente é o Meio #32: Desmatamento está avançando para o interior da Amazônia

Dados são de estudo divulgado recentemente que analisou desmatamento e a fiscalização federal e estadual na Amazônia

 30/03/2022 - Publicado há 2 anos
Ambiente é o meio - USP
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Ambiente é o Meio #32: Desmatamento está avançando para o interior da Amazônia
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O podcast Ambiente é o Meio desta semana conversa com a ecóloga Julia Shimbo, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), coordenadora científica do Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil (MapBiomas). 

Uma das autoras do trabalho Desmascarando a impunidade do desmatamento ilegal na Amazônia brasileira: um apelo à fiscalização e responsabilidade, divulgado recentemente, Julia fala sobre o estudo e o desmatamento na Amazônia. 

A pesquisa foi realizada através de dados, de 2019 a 2020, do MapBiomas Alerta, um sistema de validação e refinamento de alertas de desmatamento com imagens de alta resolução, e evidenciou que, nos últimos três anos, relata a pesquisadora, houve um aumento no desmatamento na Amazônia. “Inclusive, a gente registrou o maior aumento desde 2016.”

A partir dos dados coletados, Julia conta que o desmatamento está avançando para o interior da floresta e para áreas do Pará e do Amazonas. E, segundo a pesquisadora, esse desmatamento ocorre “tanto dentro de áreas particulares quanto dentro de áreas públicas e em áreas protegidas, onde a gente não deveria ter esse tipo de desmatamento, um desmatamento ilegal”. 

No estudo, também foi feito um levantamento de autos de infração, embargos e processos de responsabilização em escala federal, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e estadual, especificamente no Estado de Mato Grosso. O resultado, afirma Julia, mostra que apenas 1,3% dos alertas de desmatamento na Amazônia brasileira tinham “algum auto de infração ou embargos do Ibama para conter o desmatamento ilegal”. Ou seja, explica a pesquisadora, “praticamente 99% dos alertas não têm uma fiscalização feita pelo Ibama” e, continua, “isso representa apenas 6,1% de toda a área desmatada”, considerado um nível extremamente baixo de atividades de fiscalização. 

Em escala estadual, 25% dos alertas de desmatamento tiveram alguma ação dos órgãos estaduais, representando “um número seis vezes maior do que a área fiscalizada pelo Ibama”. De acordo com a pesquisadora, 16% da área desmatada detectada no Mato Grasso “correspondia a alguma autorização de desmatamento”, mas 53% do desmatamento ilegal no Estado “continua sem fiscalização e responsabilização”, o que evidencia a importância da fiscalização pelos órgãos estaduais. 

Para combater o desmatamento, Julia diz ser preciso ter um controle maior, realizado por meio de programas de fiscalização, monitoramento, criação de áreas protegidas, organização e regularização fundiária. Além disso, diz, “a gente precisa da ação de vários setores da sociedade, considerando os setores público e privado”. 


Ambiente é o Meio

Produção e Apresentação: Professores Marcelo Marini Pereira de Souza e José Marcelino de Resende Pinto, ambos professores da FFCLRP
Coprodução e Edição: Rádio USP Ribeirão 
E-mail: ouvinte@usp.br
Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 107,9; ou Ribeirão Preto FM 107.9, ou pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS .
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