USP e MCTI investem R$ 10 milhões para o desenvolvimento de órgãos para transplantes

Os recursos serão utilizados para o custeio de instalação de nível de biossegurança dois – NB2 – para criação de suínos em condições sanitárias adequadas para a produção de órgãos compatíveis para transplante em humanos

 19/08/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 22/08/2022 às 16:58
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A assinatura do acordo foi realizada na Sala da Congregação da Faculdade de Medicina -Foto: Marcos Santos/USP Imagens

 

A USP e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) assinaram uma carta de apoio que prevê investimentos da ordem de R$ 10 milhões em pesquisa para o desenvolvimento de órgãos compatíveis para transplante, o chamado xenotransplante.

Os recursos da USP e do MCTI (cada uma das instituições investirá R$ 5 milhões no projeto) serão empregados para o custeio de atividades de pig facility – instalação de nível de biossegurança dois – NB2 – para criação de suínos em condições sanitárias adequadas para a produção de órgãos compatíveis para o transplante em humanos.

A iniciativa da USP é a única na América Latina voltada à pesquisa de produção de órgãos em animais para transplante em humanos. O projeto é coordenado pelo Professor Emérito da Faculdade de Medicina (FM), Silvano Raia, pioneiro na execução de transplante de órgãos no País.

Há cinco anos, Raia, juntamente com a professora do Instituto de Biociências (IB) da USP, Mayana Zatz, coordena um projeto que visa a modificar geneticamente suínos para se constituírem em doadores de órgãos: rim, coração, pele e córnea. A fase de edição genética já está concluída, o que permite a produção dos primeiros embriões modificados, que serão transferidos para matrizes silvestres, produzindo os primeiros doadores.

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“O xenotransplante é um avanço. Nos últimos 20 anos, foram realizados dois milhões de transplantes no mundo. Houve um aumento de demanda, mas não houve aumento proporcional da disponibilidade de órgãos. Então, há uma demanda reprimida, muitos morrem à espera de órgãos e os de suínos se mostraram os substitutos mais adequados”, afirmou Raia, durante a cerimônia de assinatura do documento, realizada na Sala da Congregação da FM.

Segundo o professor, os recursos irão permitir a construção do biotério no prazo de seis meses para o início das experiências pré-clínicas. “É um mundo que se abre. Na USP, estamos realizando pesquisas na fronteira do conhecimento”, destacou.

O secretário de Pesquisa e Formação Científica do MCTI, Marcelo Marcos Morales, ressaltou que “o xenotransplante se apresenta como uma alternativa promissora para o enfrentamento desse desafio, que causa sofrimento para os pacientes e suas famílias, além de gastos expressivos para o Sistema Único de Saúde”.

O reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, disse que “um projeto como esse vai ser um desencadeador não só do transplante em si, mas de uma série de conhecimentos que serão gerados a partir disso. Certamente terá uma repercussão muito grande em outras áreas de pesquisa”.

Também participaram do evento o diretor da FM, Tarcisio Eloy Pessoa de Barros Filho; o secretário Estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn; e o vice-diretor do IB, Oswaldo Keith Okamoto. A diretora de Cooperação Institucional do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Maria Zaira Turchi, participou da cerimônia por videoconferência direto de Brasília.


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