Visando cumprir a Constituição Federal, que define o princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, a USP está discutindo de que forma as atividades de extensão irão compor 10% do total da carga horária curricular dos cursos de graduação.
A medida atende à resolução 07/2018, do Conselho Nacional de Educação (CNE), que estabelece as diretrizes para a extensão na educação superior brasileira. De acordo com o documento, as avaliações do Ministério da Educação (MEC) passam a considerar o currículo dos cursos com a extensão obrigatória. A determinação vale para as instituições públicas e privadas.
A resolução considera que as atividades extensionistas, segundo sua caracterização nos projetos políticos pedagógicos dos cursos, podem se inserir nas modalidades: programas, projetos, cursos e oficinas, eventos e prestação de serviços.
“Na perspectiva da Pró-Reitoria de Graduação, o assunto está na pauta das tarefas a serem implementadas este ano. O tema já foi discutido no Conselho de Graduação e é de conhecimento das Comissões de Graduação das Unidades de Ensino e Pesquisa e das coordenações de curso”, explica o pró-reitor de Graduação, Aluisio Segurado.
A pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária, Marli Quadros Leite, explica que a parte conceitual e as diretrizes gerais para a implementação da medida serão comuns a todos os cursos, mas as unidades terão espaço para propor projetos que estejam de acordo com as diretrizes acordadas entre as partes.
Segurado explica que uma reunião conjunta dos dois Conselhos – de Graduação e de Cultura e Extensão Universitária – deverá ser realizada para avançar com as ações necessárias para a curricularização.
Marli avalia que a Universidade está atrasada nessa discussão, “mas vamos nos esforçar para, no próximo semestre, começar a implantação do projeto. Temos certeza de que tudo acontecerá devagar, pois a alteração curricular não é tarefa banal. Além disso, será necessário fazer alteração na legislação atinente à organização da graduação e, também, implementar algumas mudanças na estrutura da Pró-Reitoria, uma vez que ainda não lidamos com questões da graduação. Teremos de construir as condições necessárias para monitorar e avaliar as atividades de extensão”.
“A curricularização da extensão passa a ser, portanto, uma prioridade, com a qual queremos trabalhar intensamente este ano”, complementa Segurado.
Conexão com a sociedade
No dia 8 de fevereiro, o Conselho de Cultura e Extensão Universitária (CoCEx) recebeu o professor da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) e ex-reitor da USP, Jacques Marcovitch, para falar sobre a curricularização da extensão e discutir o tema com os conselheiros e com diretores das unidades que participaram do encontro.
“Esta é uma grande oportunidade para a Universidade aprimorar a estrutura curricular e melhorar a formação dos nossos alunos. As pessoas que estão se formando hoje precisam de outros conhecimentos, outras habilidades”, considerou o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior. “Essa modificação não deve servir apenas para cumprir a legislação, mas para levar uma qualidade suplementar na formação de nossos alunos”, disse.
Marcovitch, que também foi pró-reitor de Cultura e Extensão da USP, destacou que “esta discussão nos dá a oportunidade de repensar não só a Universidade sob o ponto de vista de sua conexão com a sociedade, mas também repensar o grande tema da avaliação do impacto e da avaliação dos resultados”.