Para homenagear o aniversário de 80 anos da Revolução Espanhola, o Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP promove um simpósio com três dias de atividades sobre a guerra civil espanhola. Com início no dia 9 de novembro e término no dia 11, o evento traz convidados de instituições de ensino do Brasil e da Espanha para participar de mesas de debate e palestras, além de contar com exibições de filmes sobre o tema e uma apresentação artística.
Para o professor Everaldo de Oliveira Andrade, docente do Departamento de História da FFLCH e coordenador do evento, a proposta do encontro é refletir sobre a história contemporânea e tentar compreender os processos em que democracia e autoritarismo se chocam, provocando rupturas profundas. “É uma questão que remete também ao Brasil de hoje”, adiciona. “É uma discussão em que a gente busca envolver uma série de pesquisadores e historiadores de diferentes áreas, da Universidade e de fora dela, para criar um espaço de reflexão amplo que não se limita ao debate político propriamente dito, relacionado à Revolução Espanhola, mas também abrange o campo da cultura.”
Alguns dos temas que serão abordados ao longo dos encontros são: O internacionalismo na Revolução Espanhola, Barricadas em Barcelona, Cultura e a Revolução, A Europa frente à Revolução Espanhola, A internacionalização da revolução e A Espanha revolucionária, o Brasil e a América Latina. Também serão exibidos os longas Barricadas en Barcelona e Terra e Liberdade, este último dirigido por Ken Loach. Ao final do último dia, o evento também contará com uma festa flamenca tradicional, com orquestra de palmas.
Andrade afirma que a revolução influenciou a cultura e a economia espanholas de diversas formas. No campo da cultura, ele diz que muitos escritores renomados participaram de combates ao lado dos republicanos durante o período, como é o caso de George Orwell e Ernest Hemingway. “Isso já mostra um reflexo importante na literatura. Em uma das mesas, inclusive, teremos um palestrante falando sobre isso”, diz o professor. “No próprio cinema nós percebemos esse reflexo também. O filme de Ken Loach que será exibido mostra como a guerra civil aparecia na produção cinematográfica contemporânea.” Além disso, Andrade afirma que haverá uma mesa para analisar o quadro Guernica, do pintor Pablo Picasso, que retrata os horrores da guerra a partir de uma perspectiva cubista.
Em relação ao campo econômico, o professor afirma que a década de 1930, em que se passa a revolução, foi um período de profunda crise para o capitalismo. “Depois da crise de 29, a maioria dos países europeus estava passando por uma grande recessão econômica. No caso da Espanha, o processo revolucionário foi um reflexo também dessa crise que ocorria no mundo. Por isso, a revolução teve uma repercussão econômica importante dentro do país, com as experiências coletivistas, a questão da terra, as várias empresas e fábricas que foram ocupadas pelos operários, a gestão coletiva e socializada da economia, entre outras”, afirma Andrade.
Os encontros ocorrem no Prédio de História e Geografia da FFLCH, das 14 horas às 19h30. A entrada é gratuita e não é necessário fazer inscrição previamente. Para conferir mais detalhes da programação, clique aqui.