Em nova mostra, Cinusp explora relação da dança com o cinema

Entre 15 de agosto e 3 de setembro, mostra A Dança como Cinema apresenta 50 produções nacionais e estrangeiras que relacionam as duas artes – boa parte delas inédita no Brasil

 15/08/2016 - Publicado há 8 anos
Por
A Dança como Cinema - Foto: Divulgação/Cinusp
Cartaz de divulgação da mostra A Dança como Cinema, do Cinusp – Foto: Divulgação/Cinusp

.
O Cinema da USP Paulo Emílio (Cinusp) inicia a partir de 15 de agosto a mostra A Dança como Cinema, em que serão exibidas mais de 50 produções raras que relacionam essas duas artes. O evento incluirá debates com diretores das obras e pesquisadores do tema. O projeto partiu de uma pesquisa do professor Cristian Borges, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, que participa da curadoria da mostra, em parceria com Xavier Baert, da Cinemateca da Dança do
Centre National de la Danse de Paris, e os programadores do Cinusp Ayume Oliveira e Pedro Nishiyama.

Nishiyama explica que a pesquisa do professor analisa filmes que abordam a dança e representam danças que só poderiam ser vistas através do cinema. “Nossa proposta é apresentar esses filmes, nos quais o espectador verá danças, movimentos e corpos de uma maneira que não seria possível ao vivo, mas somente na tela, através do cinema”, diz.

Belezas em revista - Foto: Divulgação/Cinusp
Cenas do filme Belezas em Revista – Foto: Divulgação/Cinusp

Grande parte das obras na programação é inédita no Brasil e consiste, em sua maioria, de curtas-metragens, com apenas dois longas, o americano Belezas em Revista e o chinês O Grande Mestre, mais recente trabalho do diretor Kar Wai Wong.
Os filmes serão divididos em sessões dedicadas a autores e autoras específicos (reunindo várias obras de um mesmo autor) e sessões temáticas, nas quais filmes de diferentes diretores são reunidos pela temática em comum.

Nas sessões autorais, Pedro Nishiyama destaca especialmente o programa dedicado à brasileira Analivia Cordeiro, “uma pioneira na videoarte e na videodança no País, isto é, em fazer essa relação entre dança e cinema, introduzindo técnicas de computação, dando uma identidade muito peculiar à sua obra”. Esse programa consiste em seis obras da bailarina e videoartista, do início de sua carreira até produções mais recentes. Após a exibição das 19h horas do dia 17, no Cinusp Paulo Emílio, Analivia participará de um debate no qual falará sobre sua carreira, as obras exibidas e o tema da mostra, com mediação da coreógrafa Lali Krotoszinsky.

Outros destaques são os programas sobre o canadense Norman McLaren e a diretora de cinema experimental americano Maya Deren, classificados por Nishiyama como nomes de peso, além dos brasileiros José Agrippino e Maria Esther, que trabalharam em conjunto nas obras Maria Esther: Danças na África e Céu sobre Água.

Primeiros Passos - Foto: Divulgação/Cinusp
Cenas de Primeiros Passos – Foto: Divulgação/Cinusp

Os pontos altos colocados por Nishiyama para as sessões temáticas são os programas Primeiros Passos, com obras que mostram como desde os primórdios do cinema essa arte já se relacionava com a dança, abordando o movimento dos corpos de maneira peculiar; Corpos e Imagens, com o filme Merce by Merce by Paik, considerado pelo programador um dos mais importantes da mostra por seu experimentalismo, com técnicas de cena, dança, computação e chroma key; e Diretoras e Coreógrafas, reunindo obras dirigidas e coreografadas por mulheres.

Há também os programas Corpos Animados, que traz reflexões sobre o uso da animação para fazer a relação entre imagem e corpo, e Danças Visionárias, com filmes voltados a danças étnicas e ritualísticas, como o francês Tutuguri, filmado entre índios do México, e o brasileiro Xapiri, sobre os índios ianomâmis. Esse programa também será tema de debate, mediado pelo cocurador da mostra Xavier Baert e com presença da antropóloga Regina Muller, falando sobre esse tipo de filme ritualístico, no dia 24 de agosto, às 19h, no Cinusp Paulo Emílio.

Programa Maya Deren - Foto: Divulgação/Cinusp
Programa Maya Deren mostra o trabalho da coreógrafa norte-americana – Foto: Divulgação/Cinusp

Nishiyama diz que a ideia da mostra é também relacionar os diferentes tipos de programas, por exemplo, o dedicado a Maya Deren e o programa Diretoras e Coreógrafas, numa mesma sessão. “Esses dois programas conversam muito, pois Deren tem grande importância para pontuar a produção das mulheres no cinema.”

Além dos debates sobre a obra de Analivia Cordeiro e sobre os filmes de danças ritualísticas, haverá também um debate no dia 16, às 19h, no Cinusp Paulo Emílio, com o professor Cristian Borges, sobre o tema Cinema e corpo. “Embora não esteja diretamente relacionado ao tema da dança, a discussão é muito apropriada para a mostra por tratar do trabalho dos corpos no cinema”, diz Nishiyama.

No dia 25, às 19h30, ocorre na Sala USP Maria Antonia, no Centro Universitário Maria Antonia (Ceuma) da USP, o debate Perspectivas da Dança como Cinema. “É uma novidade fazermos debates no Maria Antonia durante a semana, mas vai ser muito legal, porque se falará bastante das reflexões propostas pela mostra”, explica o programador. Esse debate terá a presença também do professor Borges e de Inês Borgéa, bailarina e diretora da São Paulo Companhia de Dança.
.

[cycloneslider id=”cinusp_danca”]

.

.
A mostra A Dança como Cinema será apresentada de 15 a 28 de agosto e nos dias 3 a 4 de setembro em três sessões, às 16h, 17h30 e 19h, no Cinusp Paulo Emílio da USP (rua do Anfiteatro, 181, Favo 4 das Colmeias, na Cidade Universitária, em São Paulo) e na Sala USP Maria Antonia do Centro Universitário Maria Antonia (Ceuma) da USP (rua Maria Antonia, 294, Vila Buarque, São Paulo). Entrada grátis. Mais informações e a programação completa do evento podem ser obtidas pelo telefone (11) 3091-3540 e na página eletrônica do Cinusp (www.usp.br/cinusp).

.

.


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.