“Depois de Tudo”, 24 estudantes artistas apresentam a sua criatividade

A mostra reúne, no Espaço das Artes, os trabalhos de formandos em Artes Visuais da ECA de 2022. E surpreende por reunir diferentes linguagens

 17/01/2023 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 27/01/2023 às 18:22
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Fotomontagem com imagens de Reprodução/EdA e Divulgação/CAP

 Depois de Tudo é o nome da mostra produzida pelos 24 alunos de Artes Visuais que se formaram em 2022. O título da exposição é uma referência aos dois anos de pandemia que os alunos enfrentaram ao longo da graduação. Os trabalhos estão no Espaço das Artes (EdA) da Escola de Comunicações e Artes (ECA), das 9h às 19h, e é obrigatória a utilização de máscara e a apresentação do comprovante de vacina contra covid-19.

“Os visitantes têm a oportunidade de se certificar dos trabalhos do Curso de Artes Visuais nesta exposição”, convida o professor e artista Claudio Mubarac. “As obras são resultado dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) entregues pelo formandos. Com temáticas variadas, as peças ressaltam a individualidade artística e crítica de cada aluno, que foram amadurecidas ao longo do curso.”

Ao entrar no Espaço das Artes, os visitantes são recepcionados pelo Bichão, obra feita a partir de materiais de um galinheiro criado por Terenah. Pendurada no teto, é divertida e instigante e todos podem ficar debaixo do que se assemelha a uma galinha. Em seguida, chamam a atenção os enormes cartazes que cobrem uma das paredes do prédio, com dois cachorros desenhados, uma sátira com o animal e sua relação com o espaço em que vive.

Quatro obras assinadas por Creamymarina fazem um passeio pela infância, com diversas referências aos brinquedos dos anos 2000. A Casinha Melequinha é a obra mais detalhada de toda a exposição. Os elementos podem reacender memórias afetivas do observador, com várias casas de bonecas e brinquedos de plástico derretidos. “O plástico é o emblema do pós-capitalismo, sendo o material que compõe a maior parte do lixo produzido por humanos, contaminando, inclusive, a água que consumimos com microplásticos. A a obra surge a partir disso”, explica a autora.

O ambiente pós-apocalíptico infantil pode ser comparado a Pompeia, cidade italiana destruída por erupção vulcânica. A expectativa após a exposição é de que a obra se torne cenário de um curta-metragem e seja completada com mais bonecos em sua base.  

Outra peça que viaja pela temática da juventude é Cartas para o meu pai, feita por Beatriz Sayuri Zukaran. Emocionante, traz várias cartas que passam pela infância, pelas inseguranças da adolescência e da vida adulta. A saudade é o sentimento mais constante, assim como as expressões de afeto com o pai, seu melhor amigo. A obra também conta sobre a experiência de ser uma mulher de descendência japonesa no Brasil, com relatos dos preconceitos vividos.

Algumas obras estão diretamente ligadas à política brasileira, fazendo referência ao Hino Nacional. A primeira delas é Deitado Eternamente em Berço Esplêndido, em que uma arma está descansando em um berço infantil de madeira, sendo vista como uma crítica quanto à flexibilização na aquisição de armas no País. Outra traz a canção completa, porém em grande parte com um risco por cima, deixando só algumas palavras visíveis.

Depois de tudo traz um diálogo entre diferentes linguagens artísticas: música, audiovisual, pintura a óleo e colagem. O que eu queria mesmo ser é a Monalisa traz uma imagem retirada do clipe The Carters – Apeshit, de Beyoncé. A obra também permite ao público interagir com sua própria imagem, posicionando o rosto onde estaria a face da musa de Leonardo da Vinci. Assim, as pessoas podem ter uma foto sendo Monalisa ao lado de Beyoncé e Jay Z. 

Produzida por Bruno Menegatti, a Série Alegorias da Luz é a parte mais imersiva de Depois de Tudo. Trata-se de uma coletânea de quadros feita em tinta fluorescente. Expostas sob luz negra, dão o efeito neon às cores. As pinturas são inspiradas em arquiteturas romanas e vitrais de catedrais.

A última parada pode causar estranheza. Na obra Suplpliers, Pedro Andrada imprimiu em sacolas plásticas imagens de pessoas felizes trabalhando. O trabalho, muitas vezes, não é a atividade que mais causa a sensação de felicidade. Inclusive, é uma das causas de vários transtornos mentais devido ao estresse. As peças podem ser vistas como uma crítica à romantização do trabalho.

A exposição Depois de Tudo vai até 31 de março de 2023, de segunda a sexta-feira, das 9 às 19 horas, no Espaço das Artes da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP (Rua da Praça do Relógio, 160, Cidade Universitária, em São Paulo). Entrada gratuita. É obrigatório o uso de máscara.


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