O que parecia somente uma percepção geral da sociedade foi comprovado por pesquisa científica: quanto maior a fragilidade nos idosos, maior é o risco de morte. Em termos porcentuais, a cada ponto no escore de fragilidade, o risco de óbito aumenta 1,17 vezes, o que comprova a relação direta da fragilidade com a mortalidade. É o que revelou pesquisa realizada na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP.
Participaram do estudo 515 idosos de Ribeirão Preto, que foram analisados pela primeira vez em 2007∕2008. Nesta análise, foi apontado um índice de fragilidade de 17,6%. Para fins comparativos, em 2013 a pesquisadora reavaliou 262 idosos. Esta segunda análise revelou um porcentual de fragilidade de 50,4, evidenciando um aumento de 186% em 6 anos. Durante este período, 24,6% morreram e, destes, 45,7% eram frágeis. Além disso, o estado civil passou para uma maior proporção de viúvos.
Segundo a pesquisadora responsável pelo estudo, Marina Aleixo Diniz-Rezende, do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Fundamental da EERP, a partir desses resultados, fica evidente a necessidade de que enfermeiros e outros profissionais da saúde que atuam na saúde do idoso criem programas de prevenção voltados para essa população. “A sociedade ainda está focada no tratamento e reabilitação das doenças, sendo que a prevenção evitaria ou amenizaria os efeitos da fragilidade na vida do idoso, da família e do próprio sistema de saúde.”
Marina lembra que a fragilidade está ligada a várias condições, como perda de peso não intencional maior ou igual a 4,5 kg em um ano, perda das habilidades para desenvolver tarefas do dia a dia, problemas de memória e de saúde e falta de energia, que deixam o idoso mais vulnerável.
O estudo revelou também alguns fatores que contribuem para a evolução da fragilidade, como: piora da memória, aumento do número de internações, aumento da dependência para realizar atividades do dia a dia, uso de cinco ou mais medicações, perda de urina e piora no desempenho funcional, além da evolução das doenças.
O fator escolaridade
Outro fator que chamou a atenção da pesquisadora foi o de que os idosos com menor escolaridade apresentaram maior nível de fragilidade. Segundo Marina, isso acontece porque “a baixa escolaridade compromete a capacidade de compreensão das orientações dadas pelos profissionais de saúde, como entender a forma de tomar a medicação, os horários, a indicação do medicamento, além de terem menor acesso a informações”.
Para Marina, embora existam poucos estudos sobre as formas de prevenir a fragilidade, ficou evidente que trabalhar o sistema cognitivo, o desempenho funcional e o tratamento correto das doenças, além de uma alimentação adequada e exercícios físicos, pode evitar a fragilidade nos idosos.
A tese A fragilidade e sua relação com a mortalidade em idosos de uma comunidade brasileira foi defendida em junho deste ano e orientada pela professora Rosalina Aparecida Partezani Rodrigues, da EERP.
Stella Arengheri/Assessoria de Comunicação da PUSP-RP
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