Pesquisa sobre efeitos da hipóxia na recuperação pós-covid ganha prêmio internacional

Realizado por um grupo de pesquisadores da USP em Ribeirão Preto, o estudo ganhou o prêmio T. David Sisk de Saúde Esportiva como melhor artigo internacional publicado pela revista “Sports Health”

 28/05/2024 - Publicado há 1 mês
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Aqueles submetidos a treinamento físico em condições de hipóxia apresentaram melhorias semelhantes às do grupo de normóxia, apesar de uma provável carga de exercício menor – Foto: 123RF

O estudo Efeitos do Treinamento de Intensidade Moderada sob Hipóxia Cíclica na Aptidão Cardiorrespiratória e Parâmetros Hematológicos em Pessoas Recuperadas da Covid-19: O Estudo AEROBICOVID, acaba de ganhar a edição 2024 do Prêmio T. David Sisk de Saúde Esportiva, concedido ao melhor artigo internacional publicado pela revista Sports Health.

O autor principal do artigo, publicado em 2023, é o pesquisador Carlos Dellavechia de Carvalho, mestre pela Escola de Educação Física e Esporte (EEFERP) e doutorando pela Faculdade de Medicina (FMRP), ambas da USP em Ribeirão Preto. A cerimônia de premiação será durante o encontro anual da Sociedade Americana de Ortopedia para Medicina do Esporte (AOSSM, na sigla em inglês), dia 10 de junho, em Denver, no Colorado, Estados Unidos.

Carlos Dellavechia de Carvalho – Foto: Arquivo Pessoal

Pesquisa premiada

Coordenado pelo professor Átila Alexandre Trapé da EEFERP, o estudo investigou como a exposição à hipóxia, uma condição com níveis reduzidos de oxigênio, poderia beneficiar a recuperação de pacientes pós-covid-19. Carvalho relata que ao observar outros estudos que começaram a ser publicados no início da covid-19, que indicavam sintomas mais brandos e menor prevalência da doença em regiões de alta altitude, “o grupo hipotetizou que a hipóxia poderia servir como um estímulo adicional em um programa de treinamento físico”. 

Carvalho foi o responsável pelas avaliações fisiológicas do projeto, que envolveram 43 participantes com idades entre 30 e 69 anos. Eles foram divididos em três grupos: controle, normóxia (condições normais de oxigênio) e hipóxia.

Após um programa de treinamento físico moderado de oito semanas, os resultados, que deram origem ao artigo premiado, mostraram uma melhora significativa na capacidade cardiorrespiratória dos participantes. “Curiosamente, o grupo submetido a condições de hipóxia apresentou melhorias semelhantes às do grupo de normóxia, apesar de uma provável carga de exercício menor.” Além disso, somente o grupo em hipóxia apresentou mudanças significativas em variáveis hematológicas, como aumento da eritropoietina, o que sugere um estímulo hematológico adicional.

O estudo contou com a colaboração de dois laboratórios da EEFERP e um da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP), também da USP, além de parceiros nacionais e internacionais. Carvalho lembra que é a primeira vez que o laboratório da jovem Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto recebe esse tipo de reconhecimento.

O pesquisador destaca a importância dos resultados divulgados, tanto pelo impacto acadêmico, quanto para a comunidade local, que foi diretamente beneficiada com o projeto de pesquisa e com o subsequente projeto de extensão. “O prêmio também é um reconhecimento da pesquisa científica de excelência desenvolvida na USP perante a comunidade internacional.” 

Além de Carvalho e Átila, participaram do trabalho o professor Marcelo Papoti e o mestrando Gabriel Peinado Costa, ambos da EEFERP; professor Carlos Arterio Sorgi da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP; Felipe Alves Ribeiro, aluno de doutorado da FMRP; Danilo Rodrigues Bertucci da Universidade Federal do Triângulo Mineiro; Diana Mota Toro, da FCFRP; Marta Camacho-Cardenosa, da Universidade de Extremadura, Cáceres, Espanha; e Javier Brazo-Sayavera, da Universidade Pablo de Olavide, Sevilla, Espanha.  


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