O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) está presente em 25% das crianças de 3 a 6 anos e em cerca de 7,6% dos estudantes brasileiros de 6 a 17 anos, segundo pesquisa da Universidade Federal do Pará. Com a pandemia de covid-19 e as aulas remotas, as dificuldades desses estudantes ficaram ainda maiores.
A situação é confirmada pelo aluno de jornalismo Caio Canduz, portador de TDAH, que está enfrentando maiores dificuldades para se concentrar nos estudos. Por causa da pandemia e das aulas on-line, o estudante diz que “acaba se perdendo, pois é tanto estímulo; a internet é infinita e você pode ir para onde quiser, então é bem difícil se concentrar”.
O que é TDAH?
Canduz foi diagnosticado quando tinha menos de 10 anos de idade, situação comum à maioria das pessoas diagnosticadas com TDAH. Mas a descoberta feita na infância pode, em alguns casos, persistir na fase adulta, caso do estudante de jornalismo. Segundo o professor Erikson Furtado, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, trata-se de uma condição clínica que requer diagnóstico e tratamento com acompanhamento e medicações. O transtorno “corresponde a um conjunto de sintomas, especialmente das seguintes áreas funcionais: desatenção, hiperatividade e impulsividade”.
No entanto, é necessário ressaltar que o organismo humano difere um do outro e que a concentração também pode variar de pessoa para pessoa, até mesmo entre aquelas diagnosticadas com o TDAH. É o caso do aluno de publicidade e propaganda Helbio Tobias, que diz estar se adaptando bem demais com o ensino remoto. Tobias afirma ter a impressão de que o sistema remoto o deixa mais livre para interagir e participar das aulas.
O uso de exercícios em conjunto com a medicação
O professor Furtado informa que brincadeiras ou jogos estimulam a concentração e que essas atividades podem ser orientadas por terapeutas ocupacionais e psicopedagogos para serem feitas em casa. Esses exercícios lúdicos, garante o professor, servem como complemento das medicações e devem ajudar a reduzir o déficit de atenção, fazendo com que a aprendizagem do aluno não seja extremamente prejudicada.
Furtado cita ainda um treinamento auditivo específico, atividade realizada através de exercícios sonoros e indicada após avaliação médica. São exercícios que envolvem atenção e memória do paciente, como, por exemplo, a distinção de sons de frequência e intensidades diferentes, que ajudam no processo de compreensão. “Especialmente para as crianças, quando se nota essa alteração, essa atividade torna-se um recurso auxiliar terapêutico”, avalia o professor. O treinamento auditivo exige um fonoaudiólogo com experiência na área, com bons resultados para crianças e jovens.