Trocar conhecimentos entre pesquisadores de diferentes áreas para enfrentar novas epidemias

Ester Sabino diz ser necessário colocar em prática novas medidas e se organizar para futuras epidemias a partir de sua rápida detecção, preparando os novos profissionais

 03/07/2023 - Publicado há 1 ano
Trocar conhecimentos entre pesquisadores de diferentes áreas também será útil para traçar estratégias de combate a epidemias das mais diversas causas – Arte sobre fotos/USP Imagens
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A Escola São Paulo de Ciência Avançada em Preparação para Enfrentamento de Epidemias é uma instituição multidisciplinar que reúne diferentes áreas do conhecimento relativas ao enfrentamento de novas epidemias. Ela é fruto de uma parceria com várias faculdades, como Unesp e Unicamp, e reúne importantes pesquisadores de todo o mundo, bem como alunos estrangeiros e brasileiros.

“Esses alunos vão discutir como fazer pesquisa durante uma epidemia e o que é importante numa epidemia. Você não precisa só de médicos ou epidemiologistas, é necessário pessoas que conheçam várias áreas diferentes como a própria comunicação, a matemática e a física”, diz Ester Sabino, professora do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP e pesquisadora do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da USP. 

Gerar contato e criar pontes é um dos objetivos dessa iniciativa. “É importante também que eles conheçam outros alunos de outros países, que provavelmente serão responsáveis pela resposta numa futura epidemia (…) vai se discutir bastante a experiência que os diversos professores que virão tiveram durante a pandemia”, explica a pesquisadora. 

Os alunos pré-selecionados para participar da escola passarão por diferentes etapas de aprendizado. “A escola terá uma fase de aulas teóricas e também aulas práticas e de discussão, vão ser feitas simulações de epidemias, será discutido como as pessoas iriam responder essas ações e também como se fazer uma pesquisa nesse momento.” 

Principais aprendizados

Ester C. Sabino – Foto: Reprodução

Os aprendizados e lições trazidos pelo enfrentamento da covid-19 nos últimos anos serão discutidos na programação da escola. “A gente aprendeu várias técnicas novas de como detectar uma nova pandemia, e eu acho que esse é o grande legado. Cada um vai dar sua visão do que a gente aprendeu durante a pandemia, o que precisa ser estabelecido daqui para frente.”

Para Ester, cada área pode contribuir com aprendizados específicos, mas que se juntam a outros e se complementam. “Se aprendeu muita coisa sobre comunicação e sobre como falar para as pessoas de um novo assunto. (…) Realmente melhorou muito o entendimento do que precisa ser medido, coisas que a gente nunca falava antes, por exemplo, medir os vírus em águas residuais de esgoto, mas que talvez seja uma forma interessante de a gente fazer uma nova vigilância.”  

Preparação para o futuro

Trocar conhecimentos entre pesquisadores de diferentes áreas também será útil para traçar estratégias de combate a epidemias das mais diversas causas. A professora Ester cita as alterações climáticas como uma possível fonte de preocupação nos próximos anos: “Sem dúvidas as alterações climáticas vão influenciar muito na apresentação das doenças e serão responsáveis por novas epidemias que estão no nosso radar”. 

A febre amarela, epidemia recente no Brasil, é um exemplo do impacto da intensificação das mudanças climáticas. Para lidar com essas e outras possibilidades de doenças, “a gente precisa ter uma estrutura coesa e independente dos políticos, que esteja sempre à frente e seja capaz de responder rapidamente a uma pandemia”, conclui Ester.


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