A epidemia de febre amarela que assolou o Brasil provocou 676 mortes e mais de 2 mil casos de pessoas infectadas entre dezembro de 2016 e março de 2018. A doutora e professora Ester Cerdeira Sabino, diretora do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da USP, contou ao Jornal da USP no Ar sobre o artigo , que analisa a doença, publicado na revista Science, uma colaboração entre pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade de Oxford, na Inglaterra, Instituto Adolfo Lutz, Fundação Oswaldo Cruz, entre outros. Seus resultados estabeleceram uma estrutura para monitorar a transmissão do vírus em tempo real, que contribuirá na criação de uma estratégia global para eliminar epidemias futuras.
A doutora explica que o recente surto de febre amarela configura uma transmissão silvestre, ou seja, ela é feita pelo mosquito que adquiriu o vírus pelos macacos. O estudo mostra que a doença se alastrou, veio da Amazônia, atravessou o cerrado mineiro até chegar no litoral Sudeste, São Paulo e Rio de Janeiro. A cidade paulista possui grandes contingentes populacionais não vacinados, além de ser uma área envolta por florestas, o que aumenta a proximidade do mosquito com as pessoas e, consequentemente, o contágio, afirma Ester.
A partir do mapeamento em tempo real da rota traçada pelos mosquitos, o governo de São Paulo pode estudar regiões, priorizar determinadas áreas de risco e realizar a vacinação de maneira rápida. Apesar disso, Ester alerta sobre a possibilidade de a cidade paulista se tornar uma zona endêmica de febre amarela silvestre. Esse cenário demandaria um controle e vacinação geral da população, como na Amazônia, onde a circulação e o perigo de contágio são constantes, completa a especialista.
Por último, a doutora fala sobre a importância do trabalho em conjunto e a integração de pesquisas para solucionar futuras epidemias.
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