Um estudo mostra como gerar energia limpa a partir de resíduos. Serragem, caroços de frutas, palha de arroz e cavacos de madeira são os materiais que podem ser usados nesse processo de modo econômico e ecológico. José Roberto Cardoso, professor da Escola Politécnica (Poli) da USP e membro do Instituto dos Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas, conta ao Jornal da USP no Ar 1° Edição alguns aspectos da geração de energia limpa. “Ela é oriunda das biomassas, ou seja, resíduos do ser humano que podem ser queimados e gerar energia”, explica.
No estudo, segundo Cardoso, a energia será gerada a partir de resíduos de madeireiras legalizadas. “O foco do projeto não é apenas gerar energia, mas há uma real preocupação com o meio ambiente, o impacto social dessa energia gerada e a segurança da produção dela ao longo do tempo”, destaca. Para ser gerada a energia a biomassa – no caso a serragem ou o cavaco de madeira – é queimada e produz um gás de baixo poder calorífico que é utilizado para movimentar um motor a combustão. “Claro que seria mais fácil e barato produzir energia a partir de combustível fóssil, mas isso não faz mais sentido nos dias de hoje e, sobretudo, diante desse projeto que está inserido na Amazônia Legal”, ressalta o professor.
Ele ainda reforça a ideia de que são necessárias melhores práticas ambientais, sociais e de governança do meio ambiente e, em especial, da Amazônia, principalmente em relação ao comércio legal da madeira. “Se você usar serragem de queima ou devastação ilegal da floresta não faz sentido algum porque não há reposição, reciclagem e não se obedece ao ciclo do carbono”, critica. Cardoso também cita o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas e comenta a gravidade climática da situação mundial: “É o custo que a humanidade terá que pagar para sair dessa confusão”.
Para além da Amazônia e dos resíduos de madeireiras, também podem ser utilizados nesse processo caroços de açaí, palha de arroz e de milho. “Você tem uma infinidade de resíduos que podem ser queimados e aproveitados para geração de energia”, complementa Cardoso. O objetivo é atender o desenvolvimento sustentável e chegar o mais próximo possível de emissão zero nos próximos 30 anos. “Não é para ter emissão zero, é para ter emissão negativa. Porque a situação está muito crítica em função dos cenários que estão sendo apresentados”, sugere. Por fim, Cardoso ressalta a importância da pesquisa da Poli no desenvolvimento de projetos comprometidos com gestões ambientais conscientes e que sejam aplicáveis à realidade brasileira.
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