Mais de 500 mil pessoas foram diagnosticadas com covid-19 e alguns sistemas de saúde já entraram em colapso, como o de Manaus. No entanto, vários Estados do Brasil reabriram o comércio mesmo sem terem atingido o pico de contaminações por coronavírus.
O professor Gonzalo Vecina Neto, do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, analisa a resposta do sistema de saúde à pandemia como adequada, mas problemas de gestão ainda persistem. “Apesar de o SUS estar conseguindo dar uma resposta, o número de leitos ainda é uma preocupação. Por isso, precisamos discutir com o setor privado para alugar leitos, como já fazemos, e também precisamos estruturar melhor as requisições, no que diz respeito à organização dos leitos do Estado e do município, agregando nisso os privados”, defende ele.
Sobre a reabertura do comércio no Estado de São Paulo, Vecina Neto acredita que seja algo muito abrupto e que será “um desastre”. Ele explica que as condições ideais para a liberação gradual são níveis de ocupação de UTI menores que 60%, nível de isolamento social maior que 55% e 14 dias de queda consecutiva do número de novos casos, e que nenhuma dessas condições foi atendida para a reabertura. “Com isso, nós podemos ter um aumento na mortalidade. O sistema de saúde e os cemitérios podem entrar em colapso, assim como ocorreu em Manaus. É isso que queremos para São Paulo?”, questiona o professor.
Saiba detalhes ouvindo a entrevista na íntegra.