Prevenção e diagnóstico precoces do câncer não devem ser abandonados na pandemia

Marco Aurélio Kulcsar, cirurgião do ICESP, diz que tumores precoces de cabeça e pescoço têm uma taxa de cura que pode chegar a 90%, e os avançados chegam a apenas 40%

 20/07/2020 - Publicado há 4 anos
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Em 2019, o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) divulgou um dado preocupante: seis a cada 10 pacientes com câncer de cabeça e pescoço atendidos no Icesp foram diagnosticados em estado avançado da doença. A diferença na possibilidade de cura entre um tumor que foi observado logo em seu início e um tumor diagnosticado em seu estado avançado é imensa. Enquanto tumores precoces têm uma taxa que pode chegar a 90% de cura, os avançados chegam a apenas 40%.

A pergunta que fica é se esses números podem aumentar, considerando o ano de 2020 e todo seu contexto pandêmico, já que a procura por médicos diminui de acordo que o medo de ir aos hospitais aumenta. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, o médico Marco Aurélio Kulcsar, Chefe do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Icesp, comenta que a probabilidade é que aumente o número da relação divulgada ano passado e isso implica diretamente na relação de sobrevivência do paciente, o período que ele ou ela vive sem a doença após o tratamento. “O Instituto do Câncer tem toda uma estrutura para o paciente quando ele chega a nós. Para entrar dentro do Instituto, a temperatura é medida, além de fazer um questionário. Você está tossindo, esta com o nariz escorrendo, teve dor no corpo? Com isso, você consegue triar para uma área que a gente chama de agravo, que são aqueles pacientes que tem suspeita de uma doença gripal”, explica Kulcsar sobre as medidas sanitárias que o Icesp tomou com relação ao coronavírus.

O médico comenta que o encaminhamento dos pacientes acontece a partir de uma biópsia feita nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou centros de especialista. Essas unidades se mostram importantes em um primeiro momento, já que nesses locais a devida atenção em busca de um diagnóstico preciso é dada, pois o próprio Icesp repassa as recomendações para os especialistas que trabalham nessas unidades básicas.

A partir do diagnóstico, por exemplo, do câncer de cabeça e pescoço, chega o momento de optar pelo melhor tratamento. Kulcsar cita que o tratamento oncológico mudou muito ao longo do tempo, mas tumores pequenos de cabeça e pescoço são geralmente tratados com cirurgia; em contrapartida, tumores grandes demandam radioterapia associada com quimioterapia, além do processo cirúrgico.

O câncer de cabeça e pescoço mais comum é o carcinoma de células escamosas, que é causado principalmente devido ao uso de cigarro, alterando as propriedades das células. Outro tumor comum no mundo, mas nem tanto no Brasil, é o tumor causado pelo papilomavírus humano, o HPV (doença sexualmente transmissível). Esse tumor acomete indivíduos mais jovens e precisa de menos tempo para se transformar em câncer.

Ouça a entrevista completa no player acima.


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