O impacto do isolamento social na vida do brasileiro está sendo tão grande e profundo que muitos especialistas preferem chamar a fase pós-pandemia de reconstrução e não de recomeço. Dados de um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam para esse caminho. A entidade detectou que a pandemia afetou 76% das empresas em todo o Brasil. O mesmo estudo revela que três entre quatro consumidores vão manter a redução no consumo no pós-pandemia.
É de chamar a atenção que esses dados são de abril, quando o isolamento social tinha pouco mais de um mês de vigência no País. O professor André Lucirton Costa, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP, é um dos especialistas que afirmam que o País vai passar por uma reconstrução.
Ele é coordenador do Grupo de Transição e Retomada Pós-Covid-19, criado pela Prefeitura da Ribeirão Preto, que reúne diversas entidades convidadas a repensar ações para a retomada.
O professor afirma que um aspecto importante para a recuperação do País dos efeitos da pandemia é a garantia dos empregos durante a crise. Ele sugere que os trabalhadores de atividades não essenciais sejam incorporados pelo auxílio-doença do INSS. “É um sistema que já existe, as empresas sabem como funciona. É uma assistência social emergencial que não vai onerar as empresas e garantir apoio ao trabalhador,” assegura.
O professor defende a medida porque acredita que o pós-pandemia deve ocorrer com o controle da covid-19 a partir de duas possibilidades. “Uma delas é a imunidade de rebanho; a outra é o surgimento da vacina que pode acelerar a imunização da população. Em todo caso, a pós-pandemia só deve começar no início do próximo ano,” afirma.