Modelo capitalista atrasa desenvolvimento sustentável, diz especialista

Para a economista Esther Bemerguy de Albuquerque, consumo desenfreado e acumulação incessante tornam “impossível uma resposta às mudanças climáticas”

 30/09/2020 - Publicado há 4 anos
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O programa Ambiente É o Meio desta semana conversa com a economista Esther Bemerguy de Albuquerque sobre o livro Brasil: Estado social contra a barbárie, uma publicação da Fundação Perseu Abramo. Organizada por Jorge Abrahão de Castro e Marcio Pochmann, a edição contou com a colaboração de vários pesquisadores, incluindo Esther.

Foto: Antonio Cruz, da Abr via Wimedia Commons/CC BY 3.0 br

Além de economista, Esther foi secretária do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, de 2004 a 2011, e do Planejamento e Investimento Estratégicos do Ministério do Planejamento, de 2012 a 2014. No livro da Fundação Abramo, ela fala sobre os Elementos para um programa de transição ecológica

Esther Bemerguy de Albuquerque – Foto: Pedro França/Agência Senado

A economista afirma que a cada relatório divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU fica “cada vez mais evidente que, com o atual modelo de desenvolvimento, o sistema capitalista, como está organizado hoje, num processo incessante de acumulação, é impossível uma resposta às mudanças climáticas”. Diz que as previsões realizadas no passado se confirmam ao avaliar o crescimento populacional, a questão da energia e a degradação ambiental. Para a economista, o “mundo não parou de crescer e consumir”. 

Com o Brasil, afirma que a situação não é diferente. Esther diz que “estamos fazendo muito pouco diante das potencialidades e das oportunidades que temos”. Diante da biodiversidade e dos recursos naturais que o País possui, continua a economista, a devastação ambiental e a exclusão de povos indicam que a sociedade pode mudar seus hábitos, aprendendo com sua cultura, como os indígenas, evitando o desperdício das “potencialidades e das oportunidades que nós temos”. 

“Não somos um país qualquer, somos um país de uma riqueza extraordinária. O Brasil tem muitas alternativas que outros países gostariam de ter e não aproveita.” Cita, como exemplo, a concentração de indústrias e o retorno à exportação primária, “o que é terrível”. Diz que estamos “praticamente transferindo as minas de ferro do Pará para a China, numa velocidade incrível”, e adverte que esses são “recursos não renováveis”. 

Além da situação ecológica, alerta para a economia do País, pois “caminhamos para um tipo de desenvolvimento exportador que não emprega”, em um momento em que mais de 50% da população está desempregada. Afirma que essa não é apenas uma questão ecológica, mas “uma questão social, de como ter um modo de produção e consumo que atenda às necessidades sociais”. 

Mais informações: Brasil: Estado social contra a barbárie


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