Mídias sociais: uma metralhadora sem limite de munição

Nova série de reportagens do Jornal da USP trata do atual ambiente de desinformação e seus efeitos na vida cotidiana dos cidadãos

 12/07/2023 - Publicado há 10 meses     Atualizado: 17/11/2023 as 18:41

Da Redação

Arte: Simone Gomes

Mídias Sociais – Ilustração: Paula Villar

“Desconstruindo a desinformação” é o nome da série na qual o Jornal da USP mergulha, a partir da próxima sexta, dia 14, para debater os efeitos maléficos das mídias digitais, que invadiram e infernizam o dia a dia de todo o mundo. São espaços que nasceram carregados de boas intenções para o debate e enfrentamento dos problemas das sociedades, mas que se transformaram, na prática e ao longo do tempo, num instrumento nocivo de destruição de todos os valores positivos que deveriam norteá-las, em busca do bem comum.

“Informações falsas ou distorcidas são empregadas por agentes maliciosos para influenciar a opinião pública sobre os mais diferentes temas desde os primórdios da sociedade, seja na forma de propaganda enganosa ou de notícias enviesadas por interesses políticos, econômicos e ideológicos. O surgimento das mídias digitais, porém, ampliou imensamente o poder de fogo e o alcance dessas ‘armas de desinformação em massa’, tornando-as muito mais perigosas. O que era um revólver virou uma metralhadora, multimídia, de longo alcance e sem limite de munição”, diz o repórter do Jornal da USP, Herton Escobar, em Armas de desinformação de massa, texto inaugural da série.

E acrescenta: “Embora a disseminação de mentiras intencionais e notícias falsas tenha começado muito antes, o escopo e a virulência dessa prática se intensificaram notoriamente nos últimos anos”, diz o relatório Pulso da Desinformação, publicado pelo Instituto Igarapé, que analisa o impacto da desinformação nas últimas eleições presidenciais no Brasil. Segundo o instituto, desde 2014 o país se transformou num “verdadeiro laboratório de desinformação”, com processos eleitorais marcados, cada vez mais, pela “disseminação maciça de notícias falsas e formas mais amplas de desinformação online”.

Fake News - Arte : Simone Gomes

 

Seu impacto também é analisado no segundo texto da série, Navegar é preciso. Regular (as redes) também, de autoria do repórter Denis Pacheco: “Estima-se que em 2023 cerca de 4,9 bilhões de pessoas usem redes sociais em todo o mundo, e esse número deve chegar a 5,85 bilhões até 2027. O impacto das redes sociais no cenário político é significativo, e a disseminação de desinformação e notícias falsas se tornou cada vez mais preocupante. No Brasil, por exemplo, uma pesquisa recente revelou que 76% da população foi exposta a informações possivelmente falsas sobre política nas redes sociais. Apesar das críticas e problemas de moderação enfrentados por plataformas como o Facebook, Twitter e TikTok, elas continuam sendo indispensáveis e vitais em economias voláteis, especialmente em regiões da África, Ásia e América Latina. Diante disso, as redes sociais e o Google estão atualmente na mira da regulamentação, ato justificado após uma sucessão de escândalos envolvendo uso indevido de dados e o avanço de movimentos antidemocráticos impulsionados pelas fake news.”

Ampliando a análise, Luiz Roberto Serrano, editor do Jornal da USP, lembra sua vivência como assessor de imprensa de parlamentares de renome como Ulysses Guimarães em tempos pré-mídias digitais e como estas mudaram, para pior, o debate político transformando-o num espaço em que qualquer um, capacitado ou não, exerce uma influência totalmente desproporcional à sua importância como cidadão. Reflete, também, sobre as transformações que a chamada “imprensa” – impressa, radiofônica e televisiva – sofreu em função da expansão descontrolada das mídias sociais, propagando conteúdos falsos, distorcidos, quando não agressivos. Minando e confundindo o universo informativo em geral.

A série “Desconstruindo a Desinformação” somará oito reportagens especiais que serão publicadas a cada duas semanas, no período de 14 de julho a 20 de outubro. Os temas serão regulamentação das mídias digitais, desinformação científica, desinformação política, o papel das universidades, o papel da imprensa e inteligência artificial. Cada reportagem contará com um desenho original da ilustradora carioca Paula Villar (@artevillar), produzido especialmente para esse projeto.

O objeto da série é mostrar os descaminhos tomados pelas mídias sociais e ajudar no debate sobre como corrigir seus rumos e fortalecê-las como instrumentos para colaborar com o desenvolvimento das sociedades. 

Temas e datas das próximas reportagens


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