Geoparques são importantes para valorização local e desenvolvimento sustentável

Nesse sentido, para Maria da Glória Motta Garcia, é importante chamar as comunidades locais “para fazerem parte da gestão do geoparque”

 25/05/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 30/05/2022 as 11:49
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Canyon Malacara no Parque Nacional da Serra Geral, Praia Grande/RS – Foto: Selva Fotografias/Flickr
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Os geoparques agregam áreas de relevância internacional em sítios e paisagens geológicos, as quais são administradas de modo que haja geoconservação, proteção, educação e desenvolvimento econômico sustentável, principalmente com o geoturismo. 

A professora Maria da Glória Motta Garcia, do Instituto de Geociências da USP, explica que, diferentemente das áreas de proteção, os geoparques são “um modelo de gestão em que há uma área geográfica unificada”.

Critérios para ser um geoparque da Unesco 

Maria Glória Motta Garcia – Foto: Cedida pela pesquisadora

Para ser um geoparque mundial da UNESCO, existem quatro critérios necessários. Primeiramente, o local escolhido precisa ter um patrimônio geológico de relevância internacional. Segundo, é necessário que haja uma proposta de gestão do parque. “Essa gestão normalmente envolve a do município também” e “representantes de todos os setores da sociedade”, conforme Maria.

Além disso, é necessário que o parque tenha visibilidade. Para a professora, isso “significa que, quando um visitante está entrando no território, ele tem, de alguma maneira, que ver sinais. Tem que haver sinalização, panfletagem, locais dentro do território em que ele possa saber que ele está entrando no geoparque”.

Por fim, o quarto critério, é fazer parte de uma rede mundial de geoparques. “Esse trabalho em rede é importante porque geoparques têm oportunidade de trocar experiências sobre boas práticas, sobre coisas que funcionam, que não funcionam”, afirma.

Essa classificação ajuda a divulgar o local e atrair turistas internacionais que procuram destinos por meio dessa lista global da UNESCO, o que, segundo Maria, “aumenta muito o potencial de visitação de turistas”.

Seridó e Caminhos dos Cânions do Sul

Os dois geoparques brasileiros que foram escolhidos para a lista global da UNESCO atendiam a esses critérios.

O de Seridó, que fica no Rio Grande do Norte, ocupa uma área no semiárido nordestino e conta com reserva de scheelita (tungstato de cálcio), uma das maiores explorações da América do Sul. Suas rochas ígneas, sedimentares e metamórficas contam uma história geológica de mais de 600 milhões de anos. Além disso, o geoparque, onde vivem mais de 120 mil habitantes, ajuda a preservar as práticas tradicionais de comunidades como os quilombolas.

Geoparque Seridó – Foto: ICMBIO/Divulgação

 

Já o Caminhos dos Cânions do Sul, que agrega sete municípios dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, trabalha com as ideias de conservação dos sítios geológicos, educação — dar visibilidade a conceitos geocientíficos e ambientais — e turismo natural e cultural. Tem uma área de 2.830 km² e pouco mais de 73 mil habitantes.  

 

Cachoeira das Andorinhas no Geoparque dos Cânions do Sul – Foto: Melksedec Brito/Flickr

 

Importância dos geoparques 

Por meio dos Geoparques é possível descobrir toda a história geológica local, com o levantamento dos geossítios. Estes englobam a vida das rochas dos mais variados períodos, como o pré-cambriano. Segunda Maria, “é possível selecionar aqueles geossítios mais representativos, que têm valor científico, […]  maior beleza cênica” e valor educativo. 

Esses elementos ajudam também para que ocorra a valorização da identidade local, demonstrando a relação entre povos e região. “Essa valorização da cultura local engloba, por exemplo, no Brasil, os povos originários”, como comunidades quilombolas, ribeirinhas e caiçaras.

Nesse sentido, é importante “chamar esses atores sociais para fazerem parte da gestão do geoparque”, explica. 

O turismo também ocorre de forma sustentável, pois não é aquele turismo de massa, no qual as pessoas ficam em resorts e nem conhecem o local. “A proposta do geoturismo, dentro de um plano de desenvolvimento de um geoparque, é totalmente diferente: é ter o turismo de base comunitária. E aí envolve tudo o que está no território”.


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