O aumento do desmatamento da Amazônia se dá nas áreas tradicionalmente desmatadas. Não se trata de novas clareiras no meio da floresta, mas da ampliação do desmatamento em lugares que há 30 anos são desmatados sistematicamente. O governo sabe onde se desmata e quem desmata. Portanto, o problema não é mais só de monitoramento. O que há é disposição ou não para coibir isso.
Essas frases foram ditas pelo professor Wanderley Messias da Costa, docente titular do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, durante o programa Diálogos na USP – Os Temas da Atualidade, que foi ao ar no dia 30 de junho, pela Rádio USP FM (93,7 MHz).
Messias da Costa participou do programa ao lado do professor Tercio Ambrizzi, titular do Departamento de Ciências Atmosféricas do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP. No programa, eles discutiram a preservação da Amazônia, por ocasião da decisão do governo da Noruega, anunciada na semana passada, de reduzir pela metade os recursos enviados por aquele país ao Fundo Amazônia. A Noruega é o principal doador desse fundo, que foi criado em 2008 e é administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No ano passado, os valores enviados pelo país chegaram a cerca de R$ 330 milhões.
O anúncio do governo norueguês é uma resposta ao aumento do desmatamento da Amazônia. De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, de agosto de 2015 a julho de 2016, houve um aumento de 29% do desmatamento da floresta, em relação aos doze meses anteriores. É o pior resultado desde 2008.
Messias da Costa e Ambrizzi destacaram que o Brasil tem tecnologia suficiente para monitorar eficientemente todo o território amazônico. O Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) é o maior e mais sofisticado sistema de monitoramento aeroespacial do planeta, exemplificou Messias da Costa. “Chegamos num nível científico, tecnológico e operacional como nunca o Brasil teve”, destacou o titular do Departamento de Geografia da USP. “Portanto, a questão não está restrita a limitações de natureza científica, tecnológica, operacional e nem mesmo financeira. Se não está mais nessa órbita, a órbita passa a ser agora de políticas públicas, de ação, de disposição política para agir.”
Ouça nos links acima a íntegra do programa Diálogos na USP – Os Temas da Atualidade sobre a preservação da Amazônia, que foi ao ar no dia 30 de junho pela Rádio USP FM (93,7 MHz).