Exame do Instituto de Radiologia pode contribuir com diagnóstico precoce do Alzheimer

Exame tem precisão de mais 90% para afastar o diagnóstico em casos negativos e pode contribuir na detecção dessa doença que atinge mais de 1 milhão de brasileiros

 21/06/2021 - Publicado há 3 anos
Um dos desafios é determinar quando um caso de perda cognitiva é ou não mal de Alzheimer, principalmente nos estágios iniciais dessa doença – Foto: NIH Image Gallery/Flickr-CC

O Instituto de Radiologia da USP (Inrad) realiza um exame inédito no Brasil para diagnóstico precoce do Alzheimer. Segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 1,2 milhão de brasileiros, cerca de 30% da população acima dos 85 anos, sofre ou poderá sofrer de Alzheimer. A Associação Americana da doença e a Associação de Medicina Nuclear recomendam esse exame a pessoas com perdas cognitivas antes dos 60 anos, para confirmar se existe ou não a patologia.

Um dos desafios é determinar quando um caso de perda cognitiva é ou não mal de Alzheimer, principalmente nos estágios iniciais dessa doença. Nessas situações, alguns métodos e novas tecnologias podem auxiliar a confirmar ou afastar, principalmente, o diagnóstico da demência de Alzheimer, como explica o professor Carlos Alberto Buchpiguel, do Departamento de Radiologia e Oncologia e diretor da Divisão de Medicina Nuclear e Imagem Molecular do Inrad do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

“O que detectamos não é a doença, e sim aquilo que é uma assinatura patológica. Ou seja: o que existe no tecido através de uma imagem molecular, mas sem ter que fazer uma biópsia”, diz o professor ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, em referência ao exame realizado no Inrad, que contribui na confirmação ou reforço do diagnóstico clínico da demência. “Se o exame for negativo, tem uma acurácia acima de 90% para afastar o diagnóstico.”

Entre outros fatores, esse quadro neurodegenerativo é caracterizado pelo depósito da proteína beta-amiloide no cérebro, identificada no exame. Mas, como destaca Buchpiguel, indivíduos sem grau de declínio cognitivo podem apresentar também, em menor proporção, o depósito dessa proteína de uma forma anômala. “É muito importante procurar um clínico para que se faça o diagnóstico. Na vigência de uma suspeita clínica, o exame ajuda a confirmar isoladamente, e tem que ser olhado com muita cautela”, alerta.

A expectativa, segundo o professor, é que esse trabalho desenvolvido no Hospital das Clínicas, pioneiro no sentido de mostrar as exigências científicas, possa atrair incentivos da iniciativa privada para trazer produtos que poderiam possibilitar uma abrangência maior desse tipo de exame.


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