É preciso preparar os jovens para um futuro profissional imprevisível

Luís Carlos de Menezes, autor do livro “Educar para o Imponderável – Uma Ética da Aventura”, afirma ser necessária uma reformulação na educação para enfrentar “um mundo que não sabemos o que será”

 27/04/2021 - Publicado há 4 anos
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Há uma mudança significativa na educação, porque antes educar era conduzir para o futuro imaginado e, hoje, se conduz para um futuro imprevisível  – Foto: Cecilia Bastos/USP Imagens

A pandemia expôs de forma muito clara as nossas fragilidades, tanto individuais quanto da nossa vida em sociedade. Mas, já antes dela, lidávamos com problemas muito sérios, como exclusão social, problemas ambientais, questões políticas… que tentamos enfrentar. Para lidar com tudo isso, o professor Luís Carlos de Menezes, do Instituto de Física da USP e coordenador acadêmico da Cátedra de Educação Básica do Instituto de Estudos Avançados, em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, diz que a educação é muito importante. Mas não a educação como comumente é apresentada, é preciso traçar um novo caminho.

Educar para o Imponderável – Uma Ética da Aventura, obra escrita por Menezes, é uma aceleração do tempo histórico. O que acontece agora em dez anos levava 100 anos para acontecer há algum tempo, afirma o professor. Também as profissões se modificaram muito rapidamente e não é possível saber quais serão as futuras. “A mecanização do campo, a automação da indústria e a informatização dos serviços tomaram 80% dos trabalhos humanos. Vai ter um trabalho digno quem souber fazer o que máquinas não fazem e elas estão fazendo quase tudo. A dúvida sobre o futuro profissional, das relações pessoais, produz um momento que eu chamo de imponderável. É preciso preparar os jovens para um mundo que não sabemos o que será”, diz.

Há uma mudança significativa na educação, portanto, porque antes educar era conduzir para o futuro imaginado e, hoje, se conduz para um futuro imprevisível.

Trata-se de um grande desafio. Com “Aventura”, Luís Carlos de Menezes percorre a aventura humana e cósmica e lembra que nós, seres humanos, somos muito recentes nesta história toda. “Mas, à medida que ele se torna poderoso, ele também é muito destruidor, da própria espécie e das outras”, enfatiza.

A parte “Ética” é uma visão crítica sobre todo o restante tratado na obra. Segundo ele, a singularidade do ser humano deve ser preservada e acolhida. “Quando vemos um garoto embrulhado em um pano e largado na rua, um sem-teto, sem alimento, sem cuidado, é um universo que está sendo perdido. Essa compreensão da singularidade da beleza da vida, particularmente da vida, precisa ser compreendida”, sustenta.

Capa do livro: Educar para o Imponderável - Foto: Reprodução

O professor também diz que é preciso uma reformulação na educação, que seria a desindustrialização. Assim, seria possível que cada criança e jovem trabalhasse cada uma das suas potencialidades, características individuais, respeitando suas perspectivas. As mudanças na aventura humana exigem esse novo rumo.


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