Diminuição dos casos de câncer depende de educação da população

Flavio Hojaij explica que o medo coletivo está relacionado ao tempo em que se morria de infecções e o câncer, quando descoberto, era uma sentença de morte

 04/02/2020 - Publicado há 4 anos
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Esta quarta-feira (4) é o Dia Mundial  de Combate ao Câncer, segundo calendário da Organização Mundial da Saúde (OMS). Dados da organização mostram que a doença é a segunda principal causa de morte no mundo, 70% das mortes ocorrem em países de baixa e média renda, em 1/3 dos casos relacionadas ao sobrepeso e obesidade, alimentação pouco saudável, falta de atividade física e uso de álcool, tabaco e outras drogas.

De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer, a cada ano surgem 43 mil novos casos de cânceres que envolvem a região da cabeça e pescoço e acabam por resultar em cerca de 10 mil mortes anualmente. Muitas vezes as mortes ocorrem em função de diagnósticos tardios. Considerado o mais comum da região da cabeça e pescoço, o câncer de tireoide é três vezes mais frequente no sexo feminino. No Brasil é o 8º mais comum na população feminina. O doutor Flavio Hojaij, professor da Faculdade de Medicina (FM) da USP, disse ao Jornal da USP no Ar que esses casos estão relacionados a tumores na boca, na cavidade oral, laringe e faringe, mucosas que são atingidas por maus hábitos, o tabaco, o cigarro e o álcool. Para ele, “se tivéssemos educação, poderíamos evitar muitos dos tumores”.

Foto: PDPics via Pixabay/CC0

Para o especialista em cirurgia de cabeça e pescoço, o diagnóstico tardio também está relacionado à falta de educação sobre saúde. A presença de uma afta, uma úlcera por mais de duas semanas deve ser investigada. Ele lembra que, infelizmente, o medo do câncer é coletivo, antigamente as pessoas viviam menos, não morriam de câncer e sim de doenças infecciosas. Os métodos de diagnóstico não eram avançados e a doença era descoberta tarde demais, sem possibilidade de tratamento, uma realidade completamente diferente da de hoje.

Estima-se que 60% da população brasileira tenha nódulos na tireoide, a maioria mulheres, em algum momento da vida, mas menos de 5% deles são cancerosos. Em caso de suspeita de câncer, além da avaliação clínica e de exames laboratoriais, o médico solicita exames de imagem ou biópsias. Apesar da disponibilidade de exames mais modernos, Hojaij alerta que há um exagero no pedido de ultrassonografia de tireoide, o que só deve acontecer em casos específicos. Os nódulos, nem sempre malignos, na maioria dos casos são pequenos e devem ser apenas acompanhados. O principal tratamento para o câncer de tireoide é cirúrgico.

Ouça a entrevista na íntegra no player acima.


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