Reação conservadora ainda é desafio para conquistas das mulheres

Após 45 anos de criação do Dia Internacional da Mulher, estereótipos permanecem no dia a dia das brasileiras

 06/03/2020 - Publicado há 5 anos     Atualizado: 11/03/2020 às 18:41

 

O dia 8 de março é internacionalmente dedicado às mulheres. Ao longo dos séculos, foram várias as conquistas femininas, principalmente no Ocidente, como a entrada e afirmação da mulher no mercado de trabalho e o direito ao voto. No entanto, a sociedade ainda perpetua o machismo estrutural, do qual, diariamente, as mulheres são vítimas.

Para conversar sobre o papel da mulher na sociedade contemporânea, O Diálogos na USP, apresentado por Marcello Rollemberg, recebeu as professoras Bárbara Heller — docente do programa de pós-graduação de Comunicação da Universidade Paulista (Unip) e membro do Observatório em Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura (Obcom) da Escola de Comunicações e Artes da USP –, e Heloísa Buarque de Almeida, professora do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e membro da Rede Não Cala — rede de professoras pelo fim da violência sexual e de gênero na Universidade.

Bárbara Heller fala sobre como, atualmente, as mulheres estão mais vulneráveis do que há dez anos, por conta de um desequilíbrio entre algumas conquistas e a fúria de setores conservadores da sociedade para com as mulheres. Heloísa Buarque de Almeida diz que houve “várias políticas e avanços, como a lei Maria da Penha, delegacias de Defesa da Mulher e Lei do Feminicídio, mas, conforme as mulheres ganharam alguns direitos, foi havendo uma reação conservadora tanto local quanto internacional”.

Heloísa Buarque de Almeida e Bárbara Heller – Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Para Heloísa, os ataques à ideologia de gênero atingem tanto os direitos das mulheres – seja de se casarem, separarem ou de não quererem filhos –, quanto os da população homossexual e o direito ao casamento igualitário. Segundo Bárbara, a estereotipação da figura feminina é ainda um desafio na sociedade, e a mídia hegemônica tem papel fundamental na perpetuação dessa estigmatização das mulheres: “Fico pensando no esporte, como, por exemplo, o quanto se fala da mulher esportista, não só porque jogou bem, mas do corpo ou se ela é bonita”. 

Os movimentos feministas possuem vários segmentos, que podem divergir na defesa de suas pautas. O feminismo atinge as mais diversas camadas sociais, mesmo que, a princípio, tenha surgido com demandas de uma classe média branca, como diz Heloísa: “Inicialmente, a tendência se dava pela demanda por emprego, o que era diferente para as mulheres de classe popular, já que para elas o emprego não era opção, e sim sobrevivência”, e complementa: “As mulheres negras de classe baixa no Brasil eram escravas, e o trabalho como empregada doméstica sendo o mais comum para mulher no País, demonstra que não era escolha e sim uma condição de vida”.


Diálogos na USP
 
Apresentação: Marcello Rollemberg
Produção: Fátima Alves e Christiane Braga e da jornalista Cinderela Caldeira
Edição Sonora: Guilherme Fiorentino
Horário: sexta-feira, às 11h00
Você pode sintonizar a Rádio USP São Paulo 94,7 e Ribeirão Preto 107.9, ou pela internet em www.jornal.usp.br e nos principais agregadores de podcast

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