Na coluna Conflitos e Diálogos desta semana, a professora Marília Fiorillo, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, volta a falar sobre a crise de refugiados envolvendo a Birmânia (ou Myanmar). Nas duas últimas semanas, mais de cem mil pessoas pertencentes a etnia rohingya foram expulsas do país e obrigadas a fugir para a fronteira com Bangladesh, após suas vilas serem queimadas pelas forças armadas birmanesas e por cidadãos budistas — até quinta-feira da semana passada, eram mais de 80 os povoamentos muçulmanos atacados.
A Anistia Internacional confirmou que o governo de Myanmar, liderado por Aung San Suu Kyi, vencedora do Nobel da Paz em 1991 e conselheira de estado do país, “está usando em larga escala a tática de queimar vilas, completando um processo de limpeza étnica”, informa a professora. “Aquela Suu Kyi, nascida em uma família tradicional, que voltou a Myanmar com um diploma de Oxford, estava fortemente imbuída de valores como direitos humanos, liberdades civis e democracia. Esta Suu Kyi, que assiste impassível a matança e ‘co-promove’ a política de terra arrasada, percebeu que valores abstratos pesam pouco diante do enraizado ódio que os budistas nutrem pelos muçulmanos rohingya”, compara Marília.
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