Para professor, benefícios do anticoncepcional ultrapassam os riscos

O uso de medicamentos extracontraceptivos deve ser avaliado levando em consideração as particularidades da mulher

 01/08/2018 - Publicado há 6 anos
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jorusp

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Quase 58 anos após a sua criação, o anticoncepcional ainda é um dos métodos mais utilizados por mulheres para evitar a gestação. Entretanto, sua alta carga de hormônios faz com que o medicamento seja muito contestado por seus efeitos colaterais, que podem apresentar alteração do fluxo menstrual, aumento de peso, alteração de humor, diminuição da libido e até risco de trombose. As pílulas podem ser do tipo combinadas, que associam hormônios de estrogênio e progesterona, e do tipo minipílulas, apenas com progesterona.

O professor Nilson Roberto Melo, da Divisão de Clínica Ginecológica da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) explica sobre a eficácia do método contraceptivo, recomendações, efeitos colaterais, contraindicações e hábitos que podem cortar o efeito do medicamento.

Para o médico, os efeitos colaterais são mínimos quando comparados com os benefícios que a pílula traz. Os primeiros anticoncepcionais possuíam cerca de 150 microgramas de um componente hormonal, número que foi reduzido para 15 microgramas. Em outro componente, o número chegava até 9.85o microgramas, e hoje chega a 60.

Nos últimos anos, surgiram pílulas com estrogênio natural nas pílulas combinadas, semelhante ao que o ovário produz. Essa pílula também pode possuir componentes progestagênios, que diminuem a oleosidade, a acne, a retenção hídrica, ou até componentes que podem ser melhor para os ossos.

Segundo Melo, as mulheres têm buscado os medicamentos extracontraceptivos, que não só evitam a gravidez mas também trazem outros benefícios. Cada caso é avaliado levando em consideração as particularidades da mulher, buscando recomendar o melhor tipo de pílula para adolescentes, mulheres acima dos 40 anos ou em idade com maior fertilidade.

Em relação ao desenvolvimento de doenças como o câncer de mama e trombose, o especialista comenta que a pílula só é contraindicada para mulheres que já tiveram o câncer e não quando possuem casos na família. Ao contrário do que se pensa, a pílula pode diminuir entre 30% e 50% as chances de mulheres com antecedentes desenvolverem câncer de ovário ou endométrio quando usada durante cinco anos, e reduz de 50% a 70% quando usada por dez anos.

Na medida em que a idade da mulher avança, o risco de trombose vai se tornando maior. A pílula dobra o risco de desenvolvimento da doença, mas a incidência é pequena quando a mulher ainda é jovem, já que naturalmente possui um risco menor. No entanto, a gravidez aumenta o risco de seis a dez vezes, e no pós-parto, de 20 a 30 vezes.

O medicamento pode ter seu efeito diminuído quando utilizado com alguns anticonvulsivantes, mas a atitude que mais pode causar uma gravidez indesejada é o mal uso do método contraceptivo, como quando as pacientes esquecem de tomar a pílula, o que pode ser mudado através de aplicativos que ajudam a controlar os horários de medicação. As cirurgias bariátricas disabsortivas também podem aumentar o índice de falha.

Além das formas contraceptivas atuais, os estudos em busca de novos métodos continuam sendo desenvolvidos, como no caso de uma pílula de uma variante de estrogênio, que só é encontrado no feto, o estetrol, que está na fase final de pesquisa e, de acordo com o professor, poderia até reduzir o risco de câncer de mama.

Jornal da USP no Ar, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados, Faculdade de Medicina e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré.

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