“Bacurau” retrata o estado de violência social

O filme dos pernambucanos Kleber Mendonça e Juliano Dornelles mostra o Brasil em estado de guerra

 23/09/2019 - Publicado há 5 anos

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Bacurau revela o estado de violência em que estamos submergindo”, comenta Giselle Beiguelman ao recomendar o filme na coluna Ouvir Imagens da Rádio USP (clique no player acima). Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles fazem uma radiografia do futuro, mas baseados em nosso presente.”

Beiguelman concorda com os críticos que comparam Bacurau  aos grandes filmes de Glauber Rocha. “Essa comparação não desabona em nada. Mas é um Glauber Rocha do século 21 com elementos dos filmes de faroeste, revisitados por uma estética à Tarantino do sertão nordestino.”

Segundo a professora, é nessa fusão estética que os diretores revelam os diferentes matizes da violência social do Brasil, que penetra todos os estratos da sociedade. Para quem ainda não foi assistir, Beiguelman faz uma síntese: “A história se passa em Bacurau, que desapareceu do mapa. E isso não é força de expressão. A cidade subitamente deixou de ser registrada nos serviços de geolocalização, como se houvesse sido deletada do Google Maps. Nesse lugar perdido no tempo e na história, ocorre um confronto entre invasores, brancos e americanos, liderados por um chefe neonazista, e a população local, que decide recorrer a Lunga, uma figura andrógina interpretada magistralmente pelo ator Silverio Pereira, que é uma espécie de mistura de cangaceiro e bandido social do século 21”.

Importante lembrar que Bacurau é o vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes. “Chamo a atenção para a capacidade dos diretores de fazer uma alegoria da brutalidade do nosso tempo no Brasil, cruzando estéticas do cinema novo e do videogame.”

Giselle Beiguelman faz outra indicação para os ouvintes da Rádio USP e para os leitores do Jornal da USP: “Assisti Bacurau, depois de visitar O que não é floresta é prisão política, na Ocupação 9 de Julho, na Galeria Reocupa. Essa exposição na sua própria realização, com a participação de mais de 60 artistas, é uma corrente de energia positiva, que incide sobre a potência da arte e do ativismo em tensionar o presente em direção à mudança”.

Para mais informações acesse: www.desvirtual.com


Ouvir Imagens 
A coluna Ouvir Imagens, com a professora Gisele Beiguelman, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h, na Rádio  USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e  TV USP.

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