Apesar dos efeitos causados pela pandemia terem tido grande impacto no setor cultural, algumas áreas conseguiram se reinventar após um baque inicial. As livrarias, por exemplo, conseguiram um aumento no faturamento entre junho e julho deste ano, quando comparado ao ano passado.
Mas não se engane. De fato, as livrarias tiveram um aumento nas vendas digitais, mas com quase sua totalidade fechada devido ao coronavírus, as livrarias estão operando abaixo do ideal. “Todas elas aumentaram e, às vezes, até dobraram o serviço de atender direto ao cliente, mas isso não supera o faturamento. Quer dizer, todas estão operando bem abaixo do que operavam. Você não pode suprir as livrarias, elas são fundamentais para o mercado”, comenta Plinio Martins Filho, professor do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e ex-presidente da Editora da Universidade de São Paulo (Edusp).
Além da questão de vendas, recentemente, o setor de livrarias ficou em evidência, quando Paulo Guedes, atual ministro da Economia, comentou que os livros poderiam ter seus preços aumentados na reforma tributária pretendida pelo governo. Para o professor, o erro primário parte do pressuposto de quem acredita que só os ricos compram livros e que, para os mais pobres, devem existir doações. “Se você aumenta esse imposto, o papel vai aumentar, e o preço final do livro também vai aumentar. Qualquer aumento de imposto que tem no livro vai interferir, principalmente, para as editoras pequenas. No geral, é uma lei que não trará nenhum benefício e que foi feita por alguém que não gosta de livros”, comenta o professor.
Com o aumento, a busca para criar um hábito de leitura no Brasil vai ser prejudicada e o incentivo para consumir mais livros também vai se perder, não gerando novos leitores.
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