Atletas se unem contra projeto de privatização do Complexo Esportivo do Ibirapuera

“Todos querem que o Brasil traga medalhas dos jogos olímpicos, mas poucos atêm-se à necessidade da continuidade”, afirma Katia Rubio, ressaltando a importância de políticas esportivas na cidade

 14/12/2020 - Publicado há 4 anos
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O Jornal da USP No Ar recebeu hoje (14) Katia Rubio, professora associada da Faculdade de Educação, que foi presidente fundadora da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte e é membro da Academia Olímpica Brasileira, para tratar sobre a mobilização de atletas contra projeto que prevê entrega do Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, o Complexo Esportivo do Ibirapuera, à iniciativa privada. O objetivo é transformar o estádio em um shopping center e o atual estádio de atletismo em uma arena multiuso.

A professora explica que o projeto existe há alguns anos, tal como o sucateamento do complexo. “Apesar disso, é interessante ver a movimentação de muitos atletas e iniciativas como a Esporte pela democracia, que estão extremamente envolvidas a fim de mostrar a ilegalidade nesse processo”, aponta Katia. 

O sinal de alerta em relação à situação se acendeu quando o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) se recusou a discutir o projeto. Segundo a docente, no momento em que a instância maior de preservação se nega a estudar o caso, a fim de decidir se o complexo deve ou não ser tombado, a discussão começa. 

Vereadores entraram com uma representação pública no Ministério Público para impedir a continuidade do processo e voltar ao princípio, cumprindo todo o ritual. Assinam também a petição diversas entidades esportivas, como as Federações Paulistas de Atletismo, de Esgrima, de Natação e a Confederação Brasileira de Atletismo. 

Katia ainda reforça o que chama de “potência de uma cidade e de um Estado como São Paulo para o fomento de uma das manifestações do esporte, que são os esportes de alta performance”: Dos 460 atletas da delegação brasileira na Olimpíada do Rio, mais de 200 eram paulistas. 

“O complexo atende ainda a projetos sociais, à população que busca a atividade física por meio do esporte, abrangendo assim as três manifestações esportivas que constam da Constituição”, conclui a docente. “Todos querem que o Brasil traga medalhas dos jogos olímpicos, mas poucos atêm-se à necessidade da continuidade. Qual é o projeto de política esportiva da cidade e do Estado? Qual será a contrapartida se retirarem o complexo de onde está?”.

 


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