A coluna Conflito e Diálogo desta semana destaca o ataque desferido pela Arábia Saudita contra o Iêmen, o maior desde o início dos conflitos entre os dois países, segundo a professora Marília Fiorillo. O alvo foi o porto de Hodeida, via de entrada de comida, remédios e petróleo, num ataque que foi por ar, terra e mar. Organizações de ajuda humanitária já alertaram: se o porto for paralisado por dois dias, o Iêmen entrará em colapso total. “Num país em que 10% da população está desabrigada, a maioria das crianças definha de cólera e outros milhares, desnutridos, podem rapidamente se juntar às dez mil pessoas já assassinadas, o cerco a Hodeida é claramente um crime contra a humanidade.”
Organizações como a Cruz Vermelha e a Anistia Internacional vêm denunciando a crise no Iêmen como a pior da década, “uma catástrofe diária e silenciosa”, que ocorre há anos. A situação é tão grave que um alto funcionário da ONU alertou que, se a Arábia Saudita não recuar, mais de 250 mil pessoas, em alguns dias, podem perder tudo, inclusive a vida.
“Enquanto isso, em Riyadh”, diz a colunista, “a política modernizadora do príncipe herdeiro, Mohammad bin Salman, segue a passos largos, com fanfarra e muita publicidade: já foram concedidas algumas dezenas de carteiras de motoristas às mulheres sauditas, um sinal dos novos tempos. O outro será condenar milhões de iemenitas a morrer de fome nos próximos meses”.