Um estudo realizado entre 2009 e 2017, com mais de 100 mil pessoas, indica que alimentos ultraprocessados aumentam as chances de formação de tumores. Ao longo dos 8 anos de pesquisa, foi verificado um aumento de mais de 10% dos casos de câncer, causados por um incremento de 10% no consumo desses alimentos. O professor Carlos Augusto Monteiro, do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e coordenador científico do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP, falou sobre os riscos de consumir esses alimentos.
O professor explica que os alimentos ultraprocessados são alternativas de produção de baixo custo, na qual ingredientes baratos como açúcar, sal, gorduras e aditivos são combinados entre si. Segundo ele, basicamente tais produtos não são alimentos, mas sim formulações de ingredientes industriais altamente lucrativos e com aparência de comida.
O médico destaca que o problema não é o processamento de alimentos em si, que em certo nível é necessário para aumentar a durabilidade desses produtos, mas o ultraprocessamento, que está associado à diabetes, obesidade, e agora, ao câncer. Aditivos como corantes, aromatizantes, emulsificantes, adoçantes, etc., não são inócuos como se pensava até então.
Como é muito difícil ter uma alimentação livre de comida processada, Carlos Augusto Monteiro aconselha que, ao ler a lista de ingredientes dos alimentos, o consumidor compare aos que ele utiliza em casa e veja se os conhece, evitando, assim, as fórmulas industriais. O Guia Alimentar para a População Brasileira também é uma ferramenta que auxilia na escolha de uma melhor alimentação.
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