Seguindo a declaração original, nós lemos (tradução e adaptação livres pelo próprio autor) que ela estimula:
• a necessidade de eliminar o uso de métricas baseadas na revista, como os fatores de impacto do JCR, na consideração de financiamento, indicações e promoções,
• a necessidade de avaliar a pesquisa por seus próprios méritos e não pela revista em que foram publicados e
• a necessidade de fazer uso das vantagens que publicações on-line têm para eliminar restrições a número de palavras, figuras e referências, buscando novos indicadores de significado e impacto.
É claro que a declaração foi proposta para combater uma cultura propagada por algumas editoras que induz pesquisadores, e em particular os pesquisadores jovens, a publicar artigos em certas revistas tradicionais de alto fator de impacto sob a pena de não ter sucesso na carreira. Pior que isto, algumas universidades e agências de financiamento de pesquisa adotam, talvez por preguiça, a mesma cultura em suas avaliações. Critérios como o malfadado fator de impacto, a infame “contagem de artigos” e o fator h dominam esse tipo de avaliação. A Dora é um alerta para que evitemos esse tipo de coisa.
A Dora pode ser assinada individualmente ou por meio institucional. A Universidade de São Paulo assinou a declaração e a Câmara de Avaliação Institucional, da qual o presente autor é vice-presidente, está ativamente discutindo e aplicando a Dora nos processos de avaliação que ela dirige. Recentemente concluímos duas coisas a respeito: precisamos propor uma ampla discussão destas coisas com a comunidade e precisamos estender o alerta da Dora para outras dimensões de avaliação, como no ensino de graduação e de pós-graduação e na cultura e extensão.
O presente autor sinceramente espera que a comunidade acadêmica adote a Dora completamente. Análise qualitativa é difícil de fazer, mas nossa tarefa na Universidade é fazer coisas de forma racional. Parafraseando o presidente Kennedy, fazemos isto porque é difícil, e não o contrário. Cabe aqui um alerta, qualitativo não é necessariamente o mesmo que subjetivo, há uma série de indicadores qualitativos (por exemplo, do tipo “tem/não tem”) que podem ser usados na avaliação e são tão objetivos quanto qualquer indicador quantitativo clássico.
(Traduzido e adaptado pelo autor de um artigo publicado originalmente em inglês no LinkedIn)
________________
(As opiniões expressas nos artigos publicados no Jornal da USP são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem opiniões do veículo nem posições institucionais da Universidade de São Paulo. Acesse aqui nossos parâmetros editoriais para artigos de opinião.)