Em Quando o galo canta, as escalas modais do folclore brasileiro

Por Alberto Cunha, regente do Coralusp

 Publicado: 18/07/2024
Homem branco de óculos com lentes no formato retangular e cabelos lisos castanhos. Camiseta branca e em frente a um fundo branco.
Alberto Cunha, regente do Coralusp – Foto: Coralusp

 

 

Ernst Mahle nasceu em 1929 em Stuttgart, Alemanha, e em 1951, emigrou para o Brasil, “naturalizando-se piracicabano”. Tem desenvolvido intensa atividade como compositor e professor à frente da Escola de Música de Piracicaba. Em seu trabalho criativo, valoriza extremamente o folclore brasileiro, selecionando temas provenientes de diversas regiões do país e tratando-os dentro de uma linguagem musical que explora as escalas modais características do nosso folclore.

De sua vasta produção de música coral, comento hoje Quando o Galo Canta, para coro misto a quatro vozes. A singela letra da música se refere ao nascer do dia:

Quando o galo canta, cedo de manhã,
e o sol levanta,
é tempo bom.

A peça tem início com um ostinato, isto é, um desenho melódico-rítmico que se repete insistentemente, cantado pelos baixos. As outras vozes entram, criando um clima difuso que sugere o advento da aurora.

O tema aparece nas vozes femininas, com imitação dos tenores em cânone. A música vai ganhando brilho, intensidade e vivacidade, representando o nascer do sol. O modo predominante é o mixolídio – a escala maior com o sétimo grau abaixado.

Um momento exuberante ocorre quando os baixos deixam o longo ostinato com uma escala descendente e passam a cantar notas longas. Sobre estas, o tema é retomado em rica progressão harmônica, com os tenores agora divididos, cantando em terças. Logo em seguida, eles assumem brevemente o ostinato que os baixos haviam cantado antes e a peça termina com uma enfática onomatopeia galinácea.

Ouçam esta peça na interpretação do Coralusp, sob minha regência.


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