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Sempre elegem diretorias corrosivas, acanalhadas, toscas, primitivas. Diretorias que fazem discursos confortáveis na eleição e gestão contaminadas por interesses das suas patotas ou por concepções arcaicas, sectárias, manipuladoras.
Nas assembleias para decidir os caminhos do clube muita discussão, muita briga e pouco resultado. Funcionários e sócios sempre votam no passado. Vivem a maldição do dia da marmota do filme Feitiço do Tempo. Toda eleição ou vence Basto ou Marde.
Basto é autoritário, primitivo, incapaz, defende ética exógena (outros devem ser éticos, mas a família dele não precisa). Enquanto isso, o Marde é articulado, fala bonito, é amigo de intelectuais e celebridades que lhe conferem um disfarce para encobrir sua canalhice. É um cínico que quer poder a todo custo, agrada os sócios ricos do clube para ter vantagens para seus companheiros e para si. Ele trata bem os funcionários simula empatia e dá umas gorjetas. É tão verdadeiro quanto nota de 3. Incompetente para gerar melhores condições de vida e melhorar o clube. Basto, por outro lado, trata-nos mal, quer nos impor sua visão de mundo: pequena, fechada, medieval. No lugar de intelectuais e celebridades tem lacaios violentos ameaçadores para nos pressionar.
Novamente o maravilhoso clube Arabutã está noutro momento crítico: qual passado escolher?
Por sorte, os funcionários e a maioria dos sócios se viram por conta própria. Construimos, consertamos, limpamos, fazemos os dias. Toda hora somos atropelados pelo Basto ou pelo Marde. No dia seguinte acordamos e mantemos o clube vivo.
O que nos levou à essa maldição? Toda vez que surge um candidato a diretor com ideias coerentes e um bom plano de ação, não acreditamos nele. Sempre achamos que será um Marde ou outro Basto. Eles são uma, então todos serão.
Basto e Marde criaram uma tatuagem cognitiva nas nossas mentes: “todo candidato vai, então vamos votar na que conhecemos”.
Esse eterno retorno ao passado tem um custo amargo para as crianças, para os funcionários e para a maioria dos sócios.
Ontem, andando pelo clube, num canto escondido pude ouvir os lacaios do Basto e do Marde conversando. Os dois grupos combinaram manipular as regras e jogar um pingue-pongue de falas que deixe os eleitores hipnotizados até que a bola caia num dos lados.
Os funcionários e a maioria dos sócios acreditarão em um ou no outro. E o futuro sempre será deles e nós teremos o passado.
Os filhos e lacaios do Basto e do Marde terão mansões, terão privilégios, terão tudo. E nós, trabalharemos, acordaremos cedo, limparemos o chão que eles pisam.
Basto e Marde, assimilaram muito bem os ensinamentos do porco Napoleão (do livro A Revolução dos Bichos). Cada um a seu modo, manipula, mente, contorce verdades, corrompe, tem grupos fiéis para tocar tambores massacrando nossos ouvidos. Tentam nos convencer que são dignos e éticos.
Vocês esqueceram que agora temos a internet, podemos, silenciosamente, unir-nos, procurarmos novos caminhos, semearmos novas ideias. Nós é que fazemos o clube funcionar, nós é pagamos as mensalidades para custear seus privilégios.
Ainda citando a obra de George Orwell, não somos o fiel cavalo Sansão, que trabalha de sol a sol para manter-lhes no poder. Não somos as passivas ovelhas. Não somos animais.
No dia da eleição, silenciosamente, mudaremos o destino do clube.
Pupilos do porco Napoleão, Basto e Marde, adeus.
Esse artigo também está disponível em áudio.