Rede de fibra óptica vai interligar todos os campi da USP

Projeto permitirá conexões de internet mais rápidas e com melhor qualidade

 05/05/2017 - Publicado há 7 anos
Foto: Matthew Wilson/Flickr-CC

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A Superintendência de Tecnologia da Informação (STI) da USP vai interligar, por meio de uma rede de fibra óptica a 100 gigabits por segundo (Gbps), todos os campi da Universidade nos dois próximos anos, o que permitirá que as conexões internet ganhem mais velocidade e qualidade, com custos menores.

A STI submeteu à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) um projeto de Reserva Técnica Institucional para Conectividade à Rede ANSP, que proverá um link de alta velocidade para o chamado Eixo do Conhecimento. Aprovado no início deste ano, o projeto disponibilizará cerca de R$ 9 milhões para as duas primeiras fases de implantação.

O projeto foi dividido em três fases: a primeira ligará os campi de Ribeirão Preto e São Carlos e está orçada em R$ 4,8 milhões; a segunda ligará São Carlos ao campus Luiz de Queiroz, em Piracicaba, e custará R$ 4,3 milhões; e a terceira etapa ligará esses três campi ao da Capital e aos demais campi da Universidade. As duas primeiras etapas devem ser concluídas em 2017 e as demais estão previstas para 2018.

Foto: Divulgação

Desde fevereiro de 1991, quando foi realizada a primeira ligação brasileira à internet pela Fapesp, a velocidade de acesso passou de 9,6 quilobits por segundo (Kbps) até os atuais 10 Gbps, representando aumento de 1 milhão de vezes. Diante do crescimento constante das necessidades de comunicação de dados e com gastos cada vez maiores para interligar os vários campi, as Universidades estão sendo levadas a repensar suas estratégias em relação à conectividade.

Atualmente, o modelo adotado é o da contratação de provedores comerciais, que têm a vantagem de utilizar uma rede já instalada (dispensando o alto investimento de instalação) e a desvantagem de inviabilizar o aumento da largura da banda, por causa dos custos crescentes. Em 2015, por exemplo, a USP gastou R$ 8 milhões com conexão de alta velocidade entre seus campi. No ano passado, a STI dividiu a licitação – que era de um único pacote de serviços para atender toda a Universidade – em dez subgrupos de serviços, o  que ampliou a concorrência e reduziu em 65% o custo com links de alta velocidade. Em 2017, a Universidade gastará R$ 3,2  milhões, valor que ainda é considerado elevado.

“Para garantir o crescimento sustentado da velocidade de tráfego de dados nos próximos anos, sem um aumento exagerado dos custos envolvidos, é preciso que a Universidade deixe o modelo atual de  contratação de largura de banda para ter uma infraestrutura própria de fibras ópticas de alta qualidade, que permitam o aumento das velocidades tão logo os equipamentos de comunicação assim o permitam”, afirma o superintendente da STI, João Eduardo Ferreira.

Fibra óptica apagada

Construir uma rede expansível e sustentável de fibras ópticas apagadas que interligue a infraestrutura computacional da USP é um projeto para médio e longo prazo que prepara a Universidade para demandas futuras. A infraestrutura de fibras ópticas apagadas apresenta um enorme potencial de largura de banda, e o aumento da velocidade passa a depender apenas dos equipamentos alocados nas pontas, hoje limitados comercialmente a 100 Gbps por canal.

“Estamos montando uma rede em que serão os nossos equipamentos que farão trafegar os dados, ou seja, as fibras ópticas e o duto por onde elas passam serão propriedade da Universidade. É um projeto pioneiro no Brasil e poucas universidades do mundo possuem esse tipo de infraestrutura. Para o usuário final a diferença é enorme. A rede proporcionará um aumento da velocidade, que hoje é de 10 Gbps, para 100 Gbps. Não temos uma conexão desse porte funcionando em ambiente acadêmico no País”, assegura o superintendente.

É um projeto pioneiro no Brasil e poucas universidades do mundo possuem esse tipo de infraestrutura. Para o usuário final a diferença é enorme

Para o professor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC), Carlos Antônio Ruggiero, um dos responsáveis pela elaboração do projeto, “outra vantagem é a otimização da engenharia de rede, ou seja, será  possível alocar pedaços de banda para departamentos ou grupos de pesquisa que precisem eventualmente desse espaço. Hoje, temos mais dificuldade de fazer isso pela possibilidade de saturar o link. A nova rede certamente facilitará o provimento de qualidade de serviço”.

“A rede será muito mais flexível e poderemos separar, por exemplo, a rede administrativa da rede acadêmica, e um serviço não afetará o outro. A rede científica, que pode exigir volumes maiores e inconstantes, pode ocupar uma banda sem influenciar (ou deixar mais lenta) a rede administrativa”, completa o assessor para assuntos de Conectividade da STI, Jorge Marcos de Almeida.

Pioneirismo

Para o ex-professor da Escola Politécnica e atual membro do Conselho Deliberativo para a Área de TI da USP, Demi Getschko, “a implantação de uma rede de fibras ópticas apagadas é uma iniciativa muito adequada da USP, que resgata uma característica dos primórdios das redes acadêmicas, em que havia muito mais controle da conexão e autonomia para operar em infraestrutura própria. Outra vantagem da rede é que a capacidade de largura de banda passa a ser limitada apenas pelos equipamentos alocados nas pontas, o que assegura uma folga para o futuro e possibilita até o compartilhamento da infraestrutura, já que há uma intensa demanda de tráfego da região”.

Getschko é considerado um dos responsáveis pela implantação da internet no Brasil. Ele era o superintendente do Centro de Processamento de Dados da Fapesp em 1991, quando os computadores da fundação começaram a receber os primeiros sinais da rede mundial de computadores. Também ajudou a implementar e a dirigir a Academic Network de São Paulo (ANSP), rede provedora das Universidades paulistas criada em 1988 e mantida financeiramente pela Fapesp.

“No final da década de 1980, as redes acadêmicas começaram a surgir no Brasil e as universidades sentiram a necessidade de se conectar com redes no exterior. Ao perceber que, se cada instituição construísse sua rede de forma independente, o esforço seria muito maior e o resultado não tão eficiente, a Fapesp, então sob a presidência de Oscar Sala, tomou a dianteira, centralizou o processo e criou a ANSP. Agora, de certa forma, a USP também faz o mesmo dentro de seu contexto, ampliando a sua rede e a tornando mais eficaz e adequada”, explica Getschko.

Da Assessoria de Imprensa da USP

 


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