O cientista político José Álvaro Moisés comenta, em sua coluna semanal, uma controversa decisão adotada pelo governo interino do presidente Michel Temer : a recriação do Ministério da Cultura logo após sua fusão com o Ministério da Educação. Premido pela classe artística, Temer voltou atrás e desistiu dessa junção.
Para o professor Álvaro Moisés, isso demonstra o valor simbólico extremamente importante que a cultura possui na política nacional. Como ex-integrante da administração do governo de Fernando Henrique Cardoso, ele aponta para a existência de uma estrutura institucional de apoio à cultura no País, não só para valorizar o trabalho de criação dos artistas, mas principalmente para dar espaço para que a diversidade cultural brasileira possa se manifestar.
Ao analisar a reação negativa ocorrida quando o presidente interino da República resolveu extinguir o Ministério da Cultura, para, em um segundo momento, voltar atrás sob a pressão da classe artística, o cientista político da USP chama a atenção sobre o significado que essa reviravolta representa para a política. Para Álvaro Moisés, Temer não demonstrou fraqueza – como querem alguns – ao optar pela recriação do Ministério da Cultura, mas sensibilidade para perceber quando uma decisão inicial pode e deve ser alterada.
Segundo o colunista da Rádio USP, a posição do presidente interino ilumina uma questão vital na política, a de como a pressão da sociedade civil – no caso, a classe artística – é algo que sinaliza o rumo em direção ao qual os governos democráticos devem seguir.
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