Temer acertou em recriar Ministério da Cultura, avalia Álvaro Moisés

Para Álvaro Moisés, governos que são capazes de recuar em suas decisões revelam uma dimensão democrática do funcionamento da agenda política

 31/05/2016 - Publicado há 8 anos     Atualizado: 03/04/2017 as 19:10

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Artistas e estudantes-secundaristas protestam no prédio da FUNARTE, em São Paulo - Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil
Artistas e estudantes-secundaristas protestam no prédio da FUNARTE, em São Paulo – Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil

O cientista político José Álvaro Moisés comenta, em sua coluna semanal, uma controversa decisão adotada pelo governo interino do presidente Michel Temer : a recriação do Ministério da Cultura logo após sua fusão com o Ministério da Educação. Premido pela classe artística, Temer voltou atrás e desistiu dessa junção.

Para o professor Álvaro Moisés, isso demonstra o valor simbólico extremamente importante que a cultura possui na política nacional. Como ex-integrante da administração do governo de Fernando Henrique Cardoso, ele aponta para a existência de uma estrutura institucional de apoio à cultura no País, não só para valorizar o trabalho de criação dos artistas, mas principalmente para dar espaço para que a diversidade cultural brasileira possa se manifestar.

Ao analisar a reação negativa ocorrida quando o presidente interino da República resolveu extinguir o Ministério da Cultura, para, em um segundo momento, voltar atrás sob a pressão da classe artística, o cientista político da USP chama a atenção sobre o significado que essa reviravolta representa para a política. Para Álvaro Moisés, Temer não demonstrou fraqueza – como querem alguns – ao optar pela recriação do Ministério da Cultura, mas sensibilidade para perceber quando uma decisão inicial pode e deve ser alterada.

Segundo o colunista da Rádio USP, a posição do presidente interino ilumina uma questão vital na política, a de como a pressão da sociedade civil – no caso, a classe artística – é algo que sinaliza o rumo em direção ao qual os governos democráticos devem seguir.

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