“Série Energia”: Sem gás da Bolívia, alternativas energéticas ganham importância no Brasil

Suspensão de exportações do gás pelo país vizinho reforça necessidade da diversificação da matriz energética nacional

 15/09/2023 - Publicado há 10 meses
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Gasoduto que abastece o Brasil de gás boliviano – Foto: Arquivo Centro Brasileiro de Infraestrutura

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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A recente notícia de que a Bolívia cessará nos próximos anos suas exportações de gás para o Brasil e a Argentina levanta questões cruciais sobre a segurança energética e as alternativas sustentáveis disponíveis para o Brasil. Os dois países consumiam mais de 70% das exportações totais de gás do vizinho país. O Brasil importou, até 2021, uma quantidade significativa do gás natural da Bolívia, através do gasoduto Brasil-Bolívia, o Gasbol. 

Esse gasoduto tem uma capacidade de aproximadamente 30 milhões de metros cúbicos por dia e representava cerca de 30% do consumo de gás no Brasil. No entanto, a relação entre os dois países tem sido marcada por incertezas, devido a questões políticas, levando a flutuações nas exportações.

As declarações recentes do governo boliviano, afirmando que suas reservas de gás estão se esgotando e que vai interromper as exportações, indicam uma situação que pode criar um enorme rombo não apenas na economia boliviana, mas também pressionar o fornecimento de energia no Brasil. Isso nos obriga a olhar para outras fontes de energia e reforça a necessidade de diversificar nossa matriz energética.

Felizmente, o Brasil tem feito investimentos significativos em fontes de energia alternativas, como hidrelétricas, eólicas, solares e biomassa. A agroindústria da cana-de-açúcar, por exemplo, tem mostrado grande potencial não apenas na produção de etanol, mas também na geração de eletricidade a partir do bagaço da cana. Essas são opções que podem ser escaladas para atender às demandas crescentes e sustentáveis de energia.

Além disso, há uma produção crescente de gás natural offshore no Brasil, especialmente do pré-sal, que pode ser uma alternativa viável para suprir a falta do gás boliviano. Essas reservas, juntamente com o potencial de gás de xisto, oferecem uma janela de oportunidade para o Brasil se tornar mais autossuficiente em termos de gás natural.

Contudo, a situação atual também ressalta a necessidade de políticas públicas eficazes que incentivem a pesquisa e desenvolvimento em tecnologias limpas e renováveis. O papel das políticas públicas é crucial para facilitar a transição energética e garantir a segurança energética do País a longo prazo.

Em resumo, o anúncio da Bolívia sobre o fim das exportações de gás para o Brasil apresenta desafios, mas também oportunidades. Ele destaca a importância de acelerar a transição para uma matriz energética mais diversificada e sustentável, incentivando inovações e investimentos em tecnologias limpas. A crise pode muito bem ser o catalisador que impulsiona o Brasil a se tornar um líder em energia sustentável, alinhando ciência, tecnologia e visão para um futuro mais seguro e sustentável.

A Série Energia tem apresentação do professor Fernando de Lima Caneppele (FZEA) que coproduziu este episódio com Ferraz Júnior e edição da Rádio USP Ribeirão. Você pode sintonizar a Rádio USP Ribeirão Preto em FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS.


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