Universidade tem a obrigação de estudar o ChatGPT e mostrar seus defeitos e virtudes

Glauco Arbix fala sobre o seminário realizado recentemente pelo Instituto de Estudos Avançados, cujo tema foi a ferramenta sensação do momento

 28/03/2023 - Publicado há 1 ano

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A Universidade de São Paulo discutiu, em seminário realizado no último dia 21, no Instituto de Estudos Avançados, uma ferramenta que tem dado muito o que falar de uns tempos para cá, o ChatGPT, cuja grande novidade é escrever bem, como se fosse humano, resolver problemas, corrigir, dar sugestões e até mesmo fazer poesias, servindo, enfim, de fonte de inspiração para uma série grande de atividades. O professor Glauco Arbix frisa que a Universidade procurou estudar essa ferramenta de inteligência artificial com o rigor e a integridade da pesquisa científica e da educação.
Isso porque “uma ferramenta como essa pode alterar profundamente a maneira como se ensina, como se aprende, como se pesquisa, e não só porque alguém pode fazer mau uso e plagiar, pedir para fazer o trabalho no lugar dessa própria pessoa, que a máquina faça por ela, mas o importante é que é a Universidade tem a obrigação de educar as gerações futuras e mostrar que essas tecnologias trazem esperança de uma vida melhor, mas, ao mesmo tempo, elas têm sérios problemas, éticos, morais”.
Para Arbix, sempre é importante deixar muito claro que a máquina não compreende aquilo que faz, “ela seleciona essa sequência das palavras a partir da probabilidade, é um processo estatístico. Ela tem uma probabilidade de colocar a palavra seguinte, ela não sabe exatamente o que ela está sugerindo, mas para nós parece que ela sabe, por isso tem gente que muitas vezes se apaixona pelas máquinas, acha que as máquinas estão vivas, têm alma ou são próximas dos humanos”. A verdade, contudo, é que não passam de máquinas, ou seja, não têm moral, não têm ética, atributos inerentes ao seres humanos.

Daí a importância do tema ser discutido pela Universidade, que tem obrigação de conversar sobre essa realidade e mostrar as falhas presentes no sistema. “Você pede a biografia superbonitinha, sai, de repente fala que foi presidente numa instituição que não existe, um laboratório que nunca existiu. A Universidade fez o possível e o impossível […] porque esse é um problema multidisciplinar”. No final do encontro foi elaborado um documento, cujas conclusões foram entregues à Reitoria da USP. O instrumento pode ser útil, mas deve ser utilizado com cuidado. “Tem que se estar bastante prevenido, tem que ser prudente e utilizar sempre com supervisão humana; não se pode acreditar, de forma passiva, acrítica, que o que sai desses sistemas é verdadeiro.”


Observatório da Inovação
A coluna Observatório da Inovação, com o professor Glauco Arbix, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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