Mostra do Cinema da USP traz outras visões sobre os cowboys

Até 23 de setembro serão apresentadas dez produções que mudam a forma de ver o gênero western

 14/09/2022 - Publicado há 2 anos

Até 23 de setembro, a nova mostra de filmes do Cinema da USP Paulo Emílio (Cinusp) – intitulada Cowboys Também Choram – apresenta dez filmes que desconstroem a imagem clássica do cowboy e do gênero western. Iniciada no dia 12 passado, a mostra é apresentada diariamente, de segunda a sexta-feira, em duas sessões – às 16 e às 19 horas -, na sala do Cinusp no Anfiteatro Camargo Guarnieri, na Cidade Universitária, em São Paulo. A entrada é grátis.

 

Uma das imagens do cowboy que são desconstruídas na mostra é a da masculinidade. “Filmes como Thelma e Louise e Johnny Guitar vão de encontro às bases dessa masculinidade, retratando protagonistas femininas que percorrem as paisagens e cenários mais típicos do Western em sagas para se afirmar ou até mesmo lutar pela própria vida em um Oeste que sempre lhes negou qualquer força”, destaca o texto de apresentação da mostra, divulgado pelo Cinusp (disponível aqui). “As performances cativantes de Susan Sarandon e Geena Davis, no primeiro longa, e de Joan Crawford, no segundo, não deixam dúvidas sobre os trejeitos e a robustez da alma vaqueira de suas personagens.” 

 

Alguns longas vão mais longe. Ataque dos Cães traz um personagem aparentemente frágil, com aspectos que flertam com a identidade queer, e O Segredo de Brokeback Mountain retrata o romance proibido entre dois cuidadores de rebanhos, que encontram nas paisagens desertas do Oeste o cenário perfeito para a sua paixão mútua.

 

A rigidez típica do cowboy é colocada em xeque também no filme First Cow – A Primeira Vaca da América. “Seus dois protagonistas, unidos pelo singelo objetivo de construir uma vida na fronteira através do seu trabalho, terminam por encontrar um laço de amizade tão genuíno e tão delicado que rompe com toda fachada de severidade associada aos clássicos brutamontes dos Western”, enfatiza o texto do Cinusp.

O lugar em que se desenvolve a ação no western – normalmente o Oeste dos Estados Unidos – também é deslocado na mostra do Cinusp. Uma das finalidades desse deslocamento do cowboy de seus cenários habituais é “demonstrar como a sua figura transcende as pradarias estadunidenses e pode ser encontrada esteticamente em outras partes do mundo”, de acordo com o Cinusp.

Em Nosso Tempo, o espectador é levado para um cenário normalmente coadjuvante nos filmes de faroeste: o México. Já O Cangaceiro – a clássica produção do cineasta brasileiro Lima Barreto – ambienta o western no sertão brasileiro. E Trinity é o Meu Nome é representante do chamado “faroeste espaguete”, que instala na Itália a ação de cowboys, com boa dose de humor.

O anacronismo do cowboy no mundo moderno é explorado em outras produções apresentadas na mostra. Em Perdidos na Noite, um vaqueiro sai do Texas em busca de melhores oportunidades nas noites de Nova York e ali conhece o mundo da prostituição, que pouco a pouco altera a sua identidade vaqueira.

Alma de Cowboy, por sua vez, remonta criticamente às origens do cowboy na história dos Estados Unidos e seu papel na expansão do capitalismo, marcada pela exclusão de minorias étnicas. O elenco do filme é composto inteiramente por atores negros, apresentando uma visão contemporânea sobre os cowboys.

A mostra Cowboys Também Choram, do Cinema da USP Paulo Emílio (Cinusp), acontece até 23 de setembro, em sessões às 16 e às 19 horas. O Cinusp fica na Rua do Anfiteatro, 109, na Cidade Universitária, em São Paulo. Entrada grátis. Mais informações estão disponíveis no site do Cinusp.


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.