Don phone é o tema da coluna desta semana do professor Luli Radfahrer. Estamos falando daquele aparelho que não tem acesso à internet, que pode ser usado tanto pelos mais idosos quanto por aqueles que, ainda que jovens, estão cansados da internet. O colunista observa que as gerações como a sua veem a internet como uma novidade, “mas quem cresceu no meio da internet, quem passa mais de três horas por dia, quem toca o telefone mais de 2.500 vezes por dia, começa a ficar esgotado com isso, sem contar as questões de privacidade”. O resultado é que muita gente está querendo um telefone mais simples, que cumpra somente as funções básicas, para poder se reconectar com o mundo e ficar menos ansioso.
Seriam os don phones uma moda passageira? Radfahrer não sabe dizer, e sugere que talvez seja o contrário – nesse caso, seria o celular, e não o don phone, a moda passageira. Não se pode negar, contudo, que o telefone moderno apresenta algumas vantagens, já que o aparelho tem o poder de, por exemplo, reunir todos os documentos de um indivíduo, substituindo a carteira, além de ser um valioso instrumento de trabalho, sem falar da capacidade de efetuar aplicações financeiras. A verdade, por outro lado, é “que a gente está chegando num esgotamento do que as empresas usaram como economia da atenção. A atenção das pessoas é limitada e ela se esgota do mesmo jeito que a paciência se esgota, e está chegando a hora de limitar um pouco. A ideia de que a atenção das pessoas era um terreno livre que podia ser explorado infinitamente é uma ideia tão antiga quanto a ideia de que o ar pode ser poluído infinitamente, ou de que a terra pode ser explorada infinitamente. Existem limites e eu acho ótimo que a gente esteja chegando neles”, conclui.
Datacracia
A coluna Datacracia, com o professor Luli Radfahrer, vai ao ar quinzenalmente, sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP Jornal da USP e TV USP.
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