Aprovada criação da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Com 102 votos a favor, duas abstenções e nenhum voto contra, o Conselho Universitário aprovou hoje, dia 3 de maio, a criação da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP), que centralizará e coordenará as ações da Universidade voltadas para as políticas afirmativas e de permanência, agregando-as às atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão.
“O pertencimento deve ser construído a partir do reconhecimento, na Universidade e na vida social, do valor das diferenças. A USP não está descolada da sociedade em que vivemos e a busca da equidade deve orientar todas as políticas da Universidade”, ressaltou o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior.
Para a vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda, “com esta nova Pró-Reitoria, estamos estabelecendo uma relação mais íntima com a dinâmica do mundo contemporâneo. Quando trabalhamos em ambientes com maior diversidade, produzimos não só conhecimento e cultura mais responsáveis, como também avançamos na discussão sobre a própria diversidade. Como universidade pública, temos a obrigação de ser uma instituição de vanguarda no Brasil, esse é o nosso desafio e espero que estejamos à altura dele”.
Todas as comissões do Conselho Universitário – Comissão de Atividades Acadêmicas, Comissão de Legislação e Recursos e Comissão de Orçamento e Patrimônio – apresentaram pareceres favoráveis para a criação da nova Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento.
Atuando em questões étnico-raciais, culturais, socioeconômicas, de gênero, de saúde mental, de deficiências, de memória e de direitos humanos, a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento deverá propor ações para criar oportunidades de mais igualdade e convergência na Universidade e estimular uma cultura pautada pelo respeito e valorização da diversidade.
“A criação dessa Pró-Reitoria mostra, com muita veemência, a importância que a Universidade está dando aos temas da inclusão e pertencimento. É uma estrutura administrativa que coloca os temas de forma inescapável, no mesmo patamar que o ensino, a pesquisa e a extensão. E as ações são voltadas para toda a comunidade da USP – alunos, professores e servidores – o que torna o desafio ainda maior e original”, explicou a nova pró-reitora de Inclusão e Pertencimento, Ana Lúcia Duarte Lanna.
Vida no campus
- Valorizar a convivência e atividades de integração na Universidade;
- Oferecer assistência aos estudantes em situação de vulnerabilidade;
- Promover ações afirmativas para discentes, servidores técnicos e administrativos e docentes;
- Incentivar ações de memória relacionadas ao Crusp, às creches e aos restaurantes universitários.
Saúde mental e bem-estar social
- Valorizar a convivência, o bem-estar social e a saúde mental na universidade;
- Localizar os espaços de conflito e problematizar as estruturas produtoras de sofrimento;
- Promover a saúde mental;
- Fortalecimento dos laços sociais e do sentido de pertencimento;
- Criar espaços para acolhimento do sofrimento;
- Propiciar o diálogo e orientação para comunidade USP;
- Estimular a interação e o desenvolvimento de pesquisas nos hospitais universitários e unidades de saúde e psicologia.
Mulheres, relações étnico-raciais e diversidades
- Propor e gerenciar políticas relativas à diversidade, à inclusão, antirracismo e à antixenofobia na USP;
- Favorecer a presença e experiência de estrangeiros ou migrantes;
- Atuar no enfrentamento das violências baseadas em gênero e orientação sexual;
- Promover o respeito à igualdade de condições para toda a população universitária;
- Implementar ações de melhoria das condições de acessibilidade nas instalações universitárias.
Formação e vida profissional
- Propor ações para estimular a atratividade de novos talentos, observando a promoção da diversidade;
- Análise continuada de indicadores de qualidade e satisfação das carreiras docente e técnico-administrativa e da formação estudantil;
- Promover discussões sobre a legislação das carreiras na USP e suas especialidades;
- Elaborar medidas para promoção da diversidade étnico-racial do corpo docente e de servidores técnico administrativos;
- Propor ações que estimulem o pertencimento;
- Qualificar e integrar as diversas modalidades de apoio estudantil.
Direitos Humanos e políticas de reparação, memória e justiça
- Realizar programas e ações de afirmação dos direitos humanos;
- Reconhecer silenciamentos e violações de direitos ocorridos na história da universidade;
- Fomentar a interpretação dos espaços da universidade como lugares de memória;
- Dialogar e viabilizar a consecução dos objetivos da Comissão de Direitos Humanos.
Nos próximos meses, a PRIP deverá concentrar seus esforços para consolidar a nova estrutura, dialogando com a comunidade e integrando as ações pré-existentes. A nova Pró-Reitoria deverá incorporar a Superintendência de Assistência Social (SAS); o Escritório de Saúde Mental e o Escritório de Práticas Esportivas da Pró-Reitoria de Graduação (PRG); o Escritório USP Mulheres; a Comissão de Direitos Humanos; e os programas USP Legal e USP Diversidade da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU).
Pró-Reitora de Inclusão e Pertencimento
A nova pró-reitora de Inclusão e Pertencimento, Ana Lúcia Duarte Lanna, é professora do Departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU).
Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais, Ana Lúcia possui mestrado em História pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e doutorado em História Social pela USP. Desenvolve pesquisas em temas como história das cidades, patrimônio cultural, arquitetura, história urbana e história social.
Além da pesquisa, a nova pró-reitora exerceu diversos cargos de gestão. Na USP, foi diretora do Centro de Preservação Cultural (CPC), do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) e da Faculdade de Arquitetura de Urbanismo. Também foi presidente do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condepahaat).
A pró-reitora adjunta de Inclusão e Pertencimento, Miriam Debieux Rosa, é professora do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia (IP).
Graduada em Psicologia na Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), onde também fez o mestrado e o doutorado, Miriam tem como principais temas de pesquisa a dimensão sócio-política do sofrimento, a clínica do traumático, as expressões da violência, violação de direitos, as modalidades de resistência e enfrentamento dos sujeitos nas situações de vulnerabilidade, a construção/transformação do laço social na contemporaneidade, a imigração e migração, responsabilidade e responsabilização.